Uso do Álcool na Aviação.
O combustível alternativo tem sido uma realidade e um objetivo perseguido desde o inicio da aviação.
Anésia Pinheiro Machado e Thereza di Marzo foram as primeiras aviadoras do Brasil.
Anésia em seu histórico vôo comemorativo da Independência do Brasil, realizado em 1922, nos mostrava que de fato a aviação desde seu inicio usou e pesquisou combustíveis alternativos. Anésia com o seu Caudron G3, utilizava óleo de rícino (oriundo da mamona) como combustível em seu avião equipado com motor rotativo francês Gnome- Rhôme remanescente da Primeira Guerra Mundial (1918).
O óleo de rícino, numa solução alcoólica, é largamente usado no aeromodelismo. O aeromodelismo, longe de ser brincadeira de crianças, por sua vez, tem apontado soluções tecnológicas revolucionárias, entre elas o uso experimental da eletricidade como força motriz de aviões.
O uso do álcool combustível e dos óleos vegetais (castrol) também não é novidade na aviação. Na verdade parece que são mais utilizados nos reatores (turbinas) do que os derivados do petróleo e os óleos sintéticos. Na obra inglesa, “Internal Combustion Engines” versão em espanhol “Motores de Combustión Interna” Libreria Y Editorial Alsina 1953, vemos em seu texto que muito antes da Segunda Guerra se experimentou o diesel, o gás natural, o benseno, os alcoolis, o querosene, o nitrogênio, o hidrogênio e os óleos vegetais, como combustíveis em maior ou menor grau de viabilidade para o uso aeronáutico. O uso civil do álcool na aviação começou nos primeiros vôos árticos e siberianos e desenvolveu tecnologia própria que faz corar de vergonha os modernos automóveis a álcool incluindo os turbo alimentados. Portanto é preciso que se lembre, agora, quando o norte-americano, professor Max Shauck, do Texas, anuncia na revista Quatro Rodas de fevereiro de 2000, como grande novidade a travessia do Atlântico com o seu avião “pioneiro” movido a etanol ( álcool oriundo da fermentação orgânica - biomassa), esqueceu-se de que essa pratica remonta aos anos 1938 no esforço para o uso aeronáutico do álcool da beterraba (Inglaterra) e da batata ( Rússia). Todavia a grande novidade é que o álcool (etanol) e o gás natural (metano), talvez sejam as duas grandes opções para a aviação civil de pequeno porte na Amazônia. O Proálcool, da Petrobrás, tornou uma realidade no Brasil o uso do álcool ( etanol e metanol) como combustível de motores de combustão interna desde a década de 70 ate os nosso dias. Não há mais segredos para o seu uso nos pequenos motores aeronáuticos. Ele vêm sendo usado, por exemplo, como muita freqüência nos aviões ultraleves.
Quem pesquisa a questão energética encontrará como palavra de ordem as “Células de Energia” (Fuel Cell). Trata-se de tecnologia para a obtenção econômica do hidrogênio combustível. Também não há grandes novidades no setor. Desde a década de 50 alguns aviões e foguetes utilizam o hidrogênio como combustível, e o gás foi largamente usado nas pesquisas espaciais. O que vem ocorrendo é que tendo em vista a crise energética mundial, principalmente em relação aos combustíveis fósseis, as Células de Energia, aparecem como solução e alternativa para uma nova economia energética mundial. E o Brasil, surpreendentemente tem se sobressaído nesta tecnologia. O projeto é tão ousado que pode permitir ao cidadão comum a produção do seu próprio hidrogênio combustível. O interessado encontrará mais informações nos sites: “Members Tripod. com” e “Celulaacombustivel.com. BR”.
Enquanto as coisas demoram um pouco no desenvolvimento comercial e popular da “Fuel Cell”, não podemos deixar de chamar a atenção ao fato de que a maiorias dos especialistas na analise dos problemas da Amazônia Legal, focam suas atenções para a necessidade de produção de calor e energia como pré requisito fundamental para o desenvolvimento da região. Neste sentido, especialistas brasileiros estudam os Resíduos da Floresta, e afirmam que eles podem produzir uma quantidade de litros de álcool etanol maiores do que, se espera, venha a ser encontrado no subsolo da Amazônia. (mesmo quando sabemos que existe um alto percentual de reserva mundial de hidrocarbonetos (petróleo) na bacia sedimentar paleozóica do Amazonas) [1]. Eis ai outra possível solução energética para a região. Com uma vantagem extra, o etanol é produto de matéria renovável, ou seja, tem origem em matéria orgânica renovável (Biomassa), o que não ocorre com o gás natural e o petróleo. Muito menos com o GLP (gás liqüefeito do petróleo oriundo do resíduo de sua industrialização) Também salta aos olhos, como solução possível em curto prazo para a região Amazônica, os poços de gás natural já em exploração na Amazônia e as grandes jazidas de linhito (mineral 70% mais calórico que a hulha) ali existentes em áreas maiores que o total da área do estado do Paraná, além do xisto betuminoso. A principal fonte de gás explorada pela Petrobrás no Amazonas é a jazida de Urucu, mas existem outras em exploração na Amazônia em Barreiros ou na Ilha de Marajó. Ou seja, além do gás natural, pequenas usinas de produção de álcool com moderna tecnologia podem produzir álcool do excedente da Floresta, dos galhos, folhas, tubérculos e raízes que apodrecem naturalmente na floresta dando-lhes uma solução pontual de curtíssimo prazo à espera da tecnologia do hidrogênio. Colhidos e submetidos a alguma tecnologia, hoje já dominada no Brasil (e desenvolvida pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (CEMPES) da Petrobrás), esses excedentes podem gerar o biogás (da fermentação anabiotica) e o álcool etanol. Sendo assim, o biogás, com alguma dificuldade (perda calórica), pode também ser apresentado como mais uma opção, e ser utilizado como combustível em embarcações, geradores e aviões. Por isso, de olhos no futuro do país, a IPE, Empresa Paranaense de Estruturas, em Curitiba, produtora do avião utilitário-treinador IPE 06, antecipa-se e estuda projetos oriundos de diversas fontes de pesquisa para a melhor utilização combustível do gás natural e etanol para os aviões que serão vendidos e utilizados na Amazônia Legal. No futuro, quem sabe, as baterias solares e os motores elétricos, ou a produção de hidrogênio combustível para os motores de combustão, ou reação, possam dar as cartas tecnológicas da nova economia energética do mundo. Por ora, apostamos no mais simples no álcool e no gás natural de petróleo como solução ao alcance da mão e a altura do conhecimento técnico dos amazoninos, esses privilegiados brasileiros, que certamente serão recompensados pela perseverança sofrida e trabalhosa na ocupação, permanência e desenvolvimento da Amazônia brasileira livre de intervenção.
Wallace Requião de Mello e Silva.
Texto & Pesquisa.
[1] Petróleo Brasileiro Preconceito e Realidade; Petrobrás 2 edição.
Deus é um só!
Há 8 anos
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