Ecologia cristã.
A ecologia cristã difere em muito da ecologia neopagã. A ecologia neopagã supõe uma onipotência da matéria e da natureza, numa ótica, e numa perspectiva materialista, diferentemente da ecologia cristã que pressupõe a existência de Deus. Este que é o criador de todas as coisas e de toda a matéria, não se confunde com sua criação, com a sua obra, com as coisas criadas, e é capaz de recriar tudo novamente, e tudo retirar do nada. Deus pai esta fora do tempo e fora do espaço.
Por outro lado, o ecologismo neopagão acredita que o homem é capaz de destruir toda a natureza ou de preservá-la a seu bel-prazer, como se fora ele, um ser destacado da história comum aos seres naturais, independente e alheio as grandes mudanças ambientais, argumento falso e ingênuo.
Quando nos detemos a observar as relações dos seres vivos com seu meio ambiente solidário, percebemos de imediato a fragilidade do argumento neopagão. Por exemplo, estiveram ao sabor da vontade humana as Glaciações? Estão ao sabor da vontade humana os desvios da eclíptica, os sutis movimentos do planeta, as manchas solares, os terremotos, os maremotos, as erupções vulcanicas, os impactos de asteroides e a extinção de especies vivas que dizem ter existido antes da existência do homem? É claro que não. Os homens não estavam lá.
A ecologia cristã admite um meio ambiente exterior, onde predomina e impera a vontade e onipotência de Deus, e um meio (ambiente) interior, onde impera a inteligência, à vontade e o livre arbítrio do homem.
A ecologia cristã admite que Deus tenha vontade objetiva sobre o homem e sobre todas as coisas criadas, mas que ao mesmo tempo respeita a liberdade que ele mesmo deu aos homens. Ë essa liberdade humana, liberdade de escolha que difere os homens dos animais. No entanto o ecologista cristão sabe que esta vontade expressa de Deus sobre a criação não é, para os homens algo velado ou subjetivo, mas sim, através do Verbo Encarnado, é expressão clara e objetiva. Deus se revelando aos homens, em Cristo, o Verbo Encarnado, lhes dá uma regra moral, e essa regra de acomodação do comportamento do homem, do certo e do errado, é que irá determinar as suas ações no seu meio interno (afetivo), no seu meio social, e no seu meio ambiente solidário. Chamamos a essa minuciosa expressão moral da vontade divina de “Ecologia Revelada’, ou melhor, ecologia deduzida da revelação. Assim, veja você, o ecologista cristão ao admitir a ação livre do homem sobre o meio ambiente (onde estão inclusos os outros homens) reconhece que esta ação é sempre precedida de uma ação interior, uma ação ou omissão da alma.
O ecologista cristão ao isolar o homem dos outros seres vivos, no grupo dos que tem liberdade de escolha, sua máxima característica, admite sem sombra de duvida a moralidade de todo ato humano. Posto assim, a ecologia cristã é essencialmente moral e visa restabelecer a ordem moral e a harmonia interior do humano. Este fenômeno de harmonia é que se refletirá na harmonia do meio ambiente exterior e solidário.
Desta forma e diante desta linha moral é que se percebe, por exemplo, que de nada adiantará a proteção às baleias se aqueles que as defendem são favoráveis, por exemplo, ao aborto. Acho que é clara e patente a contradição.
Podemos afirmar que não haverá movimento ecológico verdadeiro e eficiente se o militante não acreditar que há uma vontade externa, perfeita (diferente da noção panteísta de Gaia, o planeta vivo, o planeta organismo) sobre todas as coisas e sobre todas as criaturas. Pois, se vista sob uma ótica unicamente materialista, a matéria em constante transformação como nos diz Lavoisier, destruirá a si mesmo para galgar novas formas, portanto não haveria o porquê preservar, e o homem desta forma seria não mais que um agente de transformação, um instrumento de destruição da matéria sobre si mesma, concluindo: o homem seria instrumento da destruição de si mesmo como matéria que é. Seria então perfeitamente aplicável o pensar de outro conceituado cientista: “o homem não existia no começo do mundo, e não existirá, no seu fim”. Chamam os neopagãos, a esse processo de evolução, resultado cego da acidentalidade da matéria... tolice. Nessa ótica não há preservacionismo possível.
Pelo contrario, os ecologistas cristãos sabem, por admitir a presença de Deus, e pregam que essa vontade perfeita, divina, necessária para a formulação do conceito de harmonia é revelada e confirmada em Jesus Cristo, na sua regra moral, de uma maneira clara, normalizando e preservando a harmonia do coração humano contra sua excessiva ambição, e desse modo regulando todas as relações de si para consigo e de si para com os outros homens e deles para com todo o universo criado.
O conceito cristão de crime ecológico é sinônimo de crime moral. Pois, o crime ecológico, nada mais é que a ação criminosa do homem, grupo de homens ou de toda uma sociedade sobre o meio o meio que lhe circunda (incluindo as outras sociedades). Sendo ação humana consciente e livre realiza uma ação interior, um querer interior, uma ação de valor espiritual, uma ação moral. Ora a ação que resulta em crime ecológico é uma ação moral, posto que se não fosse moral não haveria crime. Você pode acusar um animal de crime ecológico? Ou acusar a Natureza de crime ecológico? Assim sendo o conceito de crime ecológico é inferior, sendo uma categoria de crime, e esta contido no conceito de crime e responsabilidade, pois o segundo sucede o primeiro e é a sua causa. Muito diferente disso é o conceito de acidente ecológico que é sempre um acontecimento fortuito, infeliz lamentável. Assim entendido ambos os conceitos citados acima estão contidos, no conceito moral, no conceito cristão de pecado. Pecado enquanto ofensa a vontade expressa de Deus (agradas escrituras e Mandamentos Sociais) pode ser reconhecido e identificado como ação moral, tanto pela ótica da Revelação, como Ética, se fundada na lei natural. Concluímos, portanto que não haverá verdadeiro espirito ecológico enquanto houver perseverança no pecado, seja essa perseverança individual ou coletiva. Por isso a justiça é obra da esperança.
Se compreendermos bem ou perfeitamente essa relação, podemos então concluir a titulo de exemplo que: não haverá ecologia onde existir homossexualismo (pecado contra a natureza); onde houver aborto (pecado contra a vida do próximo e a espécie); onde houver anticoncepção (pecado de soberba que supõe ao homem a capacidade de prever o futuro) onde houver divórcio (pecado contra as relações sociais, a família, a educação dos filhos, portanto uma ofensa à estabilidade das relações sociais e da função da paternidade e maternidade na proteção moral da vida) onde impera a ideologia materialista, a usura, a desvalorização da pessoa humana, o desrespeito aos bens alheios. Não haverá ecologia possível onde não houver amor a Deus, onde houver licenciosidade dos costumes e das relações sexuais, onde houver intemperança, ganância, orgulho.
Entendemos facilmente que a ecologia cristã se fundamenta no amor e temor de Deus e na aversão ou ódio ao pecado. A ecologia cristã fundamenta-se nos mandamentos de Jesus Cristo nosso senhor e rende-se diante da onipotência divina. Concluindo: enquanto os neopagão pregam o serviço dos homens à natureza, os ecologistas cristãos pregam e reconhecem a subordinação criada ao homem em Deus. Essa temática da relação do homem com a vontade Cósmica de Deus, esta expressa no Pai Nosso, onde rogamos para que seja feita a vontade de Deus assim na terra como nos céus, e a relação causal esta bem representada no caso de Sodoma e Gomorra. A natureza desordenada pelo pecado original, pela cobiça do saber, como lemos em Gênesis, precisa ser reordenada pela livre adesão do homem aos Mandamentos de Deus. Obra inconclusa enquanto durar a vida temporal. Perdemos o Paraíso. Perdemos a inocência e a harmonia. Agora marchamos contra a árvore da Vida, com a engenharia genética, mas essa árvore central na mensagem mística tem uma espada de fogo que a guarda, cuja justiça, será algo mais severa.
Convertei-vos, pois a morte é o destino comum dos homens carnais e o fim comum de todos os seres vivos. A nossa vida se preserva em Deus, o eterno senhor do poder, o Senhor dos Exércitos, que nos ensina o desapego ao orgulho.
Wallace Requião de Mello e Silva.
Deus é um só!
Há 8 anos
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