quarta-feira, 29 de outubro de 2008

O Petróleo no Paraná

O Petróleo no Paraná.

Wallace Requião de Mello e Silva

Não leia esse texto como uma verdade técnica, mas o leia como uma curiosidade instigadora. Não o escrevi para polemizar, mas para instigar sadia curiosidade aos empreendedores e pesquisadores.
Quando eu era pequeno e brincava nas praias do Paraná, principalmente na Ilha do Mel, era freqüente, após uma borrasca, as praias ficarem cheias de piche, alcatrão, que nos sujava os pés, ou o calção. Dizia-se que esse betume, esse alcatrão vinha dos navios, mas ele me parecia espesso e natural para ser o óleo refinado usado nos navios. Coisa de criança, a experiência ficou esquecida no passado.
Recentemente, o Paraná e Santa Catarina disputaram uma área onde a Petrobrás esta extraindo petróleo na plataforma continental. Ou seja há petróleo no litoral do Paraná. E entre as áreas leiloadas para exploração, também havia, concorrente, um lote no litoral paranaense.
Interessante, em um livro titulado Ciência Ilustrada, no texto “A Origem do Petróleo”, edição de 1968, editora Abril Cultural, nós encontraremos, em mapa mundi, assinaladas, as regiões geológicas mais prováveis de existência de reservas naturais de petróleo encontradas no planeta. Para minha surpresa o Paraná se encontra assinalado nesse mapa.
Eu particularmente sempre estranhei a escolha de se construir uma refinaria de Petróleo em Araucária no Paraná ou de a Ponta do Poço em Pontal, abrigar um estaleiro da Petrobrás para construção de sondas e plataformas petroleiras. Sempre me perguntei o motivo pratico dessa escolha?
Fui encontrar a resposta em uma publicação oficial da Petrobrás, edição de 1975. Diz ali: “Para a escolha do local apropriado para a instalação de uma refinaria, a Petrobrás tem critérios claros. Primeiro, a proximidade da jazida; segundo a presença de água; terceiro a infraestrutura logística tais como, presença de energia elétrica, estradas, proximidade de mercado consumidor e transporte (ferroviário, rodoviário, oleoduto (inclinação) e portuário)”.
Digamos, que no Paraná a escolha tivesse sido orientada apenas pelas segunda e terceira razões, mas ,de maneira nenhuma se pode negar a primeira das razões, ou seja, a presença de jazida que seria mais determinante que as outras duas (Veja o caso de Urucu no Amazonas no meio da floresta)..
Mas não fica ai a questão, os mapas geológicos estrangeiros, indicam a Bacia do Paraná, ao oeste do estado, como uma possibilidade de existência de imensa jazida de petróleo. e o estado do Paraná faz parte da Bacia do Rio Paraná em todo o seu terceiro planalto. Com anticlinais favoráveis também no segundo planalto.(salvo engano meu).
A Petrobrás já esteve fazendo perfurações na região da Bacia do Paraná, mais ao norte, fora de nosso estado, mas optou pelos poços marinhos. .No mar, grandes navios petroleiros estrangeiros, podem carregar milhões de litros, longe dos olhos dos brasileiros. (não é uma acusação, é apenas uma hipótese, e o transbordo de navios, brasileiros com estrangeiros, é possível em alto mar).
Mas, voltando ao Paraná territorial, sabe-se que aqui, em Inácio Martins foi furado o primeiro poço do Brasil. Em Pitanga a Petrobrás esta extraindo gás natural de petróleo. Geralmente os poços de petróleo têm gás , água salgada e sulfurosa, alem do óleo. Em Joaquim Távora, Norte Pioneiro, se não me engano, (Jornal do Estado 4 de Abril 2005), a Sanepar furando um poço artesiano encontrou óleo há apenas trezentos metros de profundidade.
Há petróleo ou não em nosso estado? No mar há, já não há duvida.
A ultima e mais obvia comprovação dessa possibilidade, é a presença de Xisto, betuminoso, e pirobetuminoso no Paraná. A formação do Irati, que vem de São Paulo e atinge o Rio Grande do Sul cruzando obviamente o Paraná é das maiores encontradas no Brasil. E o Brasil é o segundo país em jazidas de Xisto encontrado no planeta..Desde 1972, a Petrobrás faz pesquisas no Paraná numa “Usina de Refino de Xisto” em São Matheus do Sul, extraindo óleo, gás e asfalto do Xisto. Mas, do Xisto, como é obvio, também se retira gasolina e o querosene, de um por solventes, do outro por calor.
Como eu não sou especialista, mas sou leitor atento de velhos documentos, tenho a impressão que no caso do “Petróleo do Paraná” , como de resto no caso do petróleo em todo o Brasil, estamos sendo enganados mais uma vez. Sonegam-nos, as mais elementares informações: como a presença de jazidas de ferro em Antonina, ouro em Guaraqueçaba e na Serra Negra, o chumbo em Cerro Azul, o gás natural em Pitanga , o cobre ou outra riqueza em Pato Branco (aviões-magnetógrafos estrangeiros estiveram sobrevoando toda a região) e petróleo, pelo menos sinais dele, no subsolo de varias regiões do Paraná. Irati, Inácio Martins, Joaquim Távora, São Mateus, Pitanga e Pato Branco. O ultimo indicio, é a presença de água sulfurosa em setores do Aqüífero Guarani, que regra geral, também indicam tanto a presença de rochas impermeáveis capazes de acumular petróleo (armadilhas), como podem indicar a presença de óleo e gás natural em estratificação lenticular..Que tal sonhar com poços de petróleo no Paraná territorial?
Fica aqui o registro, como curiosidade e alerta..


Wallace Requião de Mello e Silva.

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