sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Boletim 63, transgênicos.

BOLETIM 63 - 07/05/01POR UM BRASIL LIVRE DE TRANSGÊNICOS
Car@s Amig@sA Campanha Por Um Brasil Livre de Transgênicos encaminhou em 26 de abril a Ésper Cavalheiro, o recém-escolhido presidente da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), uma carta solicitando a suspensão das autorizações para cultivos experimentais de sementes transgênicas até que as regras para a sua realização sejam estabelecidas pela Comissão, após amplo debate público.Na carta, a Campanha pede a marcação de uma audiência com Ésper Cavalheiro e denuncia que as liberações realizadas até o momento não possuem Registro Especial Temporário (RET), conforme exige a Lei de Agrotóxicos.As principais preocupações da Campanha são a absoluta ausência de normas e critérios para a realização de experimentos e o desrespeito à legislação brasileira. Nesse sentido, não existe qualquer instrução normativa da Comissão dispondo regras para impor limites aos experimentos pretendidos, seja no tocante ao tamanho das áreas destinadas aos experimentos, aos locais, à finalidade, ao destino final, aos mecanismos de fiscalização, e, muito menos, à avaliação prévia de impacto no meio ambiente.Dentre os principais pontos questionados pela Campanha estão os critérios utilizados pela CTNBio para estabelecer uma distância mínima de 300 metros entre o plantio de milho transgênico e os demais campos de milho, os critérios técnicos utilizados pela CTNBio para definir (apenas) 10 metros de monitoramento para eventuais “quedas de sementes durante a operação de semeadura”, além dos fundamentos técnicos e legais da CTNBio para autorizar megaexperimentos de 60 hectares (ou mais) de milho transgênico -- área capaz de produzir sementes suficientes para a produção em, pelo menos, 5.000 hectares no próximo ano, que possibilitariam plantar 20.000 hectares com transgênicos no ano seguinte!Esta questão é realmente chocante: qual a finalidade de experimentos deste tamanho? Qual o destino final das sementes produzidas nesses campos?**************************************************************Neste número:1. ONU pede cautela com produtos transgênicos2. Estudo mostra que soja transgênica usa mais agrotóxicos3. Maggi começa a embarcar farelo de soja não transgênico4. Ministério da Agricultura cria comissão para transgeniaSistemas agro ecológicos mostram que transgênicos não são solução para a agriculturaConversão de café convencional para orgânico obtém sucesso em fazenda tradicionalLançamento: Transgênicos: o direito de saber e a liberdade de escolher**************************************************************1. ONU pede cautela com produtos transgênicosO diretor geral da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), Jacques Diouf, apontou ontem a necessidade de cautela para o uso de Transgênicos na Agricultura. Ele acha que considerações éticas devem ser feitas, para não prejudicar camponeses de países pobres.Folha de São Paulo, 04/05.2. Estudo mostra que soja transgênica usa mais agrotóxicosUm novo estudo independente, publicado pelo Centro de Política Ambiental e Científica do Noroeste Americano, acusa a Monsanto de manipular pesquisas comparativas sobre o uso de herbicidas em plantações de soja transgênica Roundup Ready e na variedade convencional.De acordo com o autor do relatório, Dr. Charles Benbrook, os dados apresentados pela Monsanto “estão entre o enganoso e o desonesto”. O estudo também aponta para o perigo de que várias ervas daninhas estão se tornando mais resistentes ao herbicida Roundup Ready. Como conseqüência, os agricultores precisam utilizar mais agrotóxicos para obter o mesmo resultado. O Dr. Benbrook estima que, na próxima safra, será necessário pelo menos 9,08 toneladas a mais de agrotóxicos. O relatório também cita informações não divulgadas pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que provam que o uso de herbicidas na soja transgênica Roundup Ready, da Monsanto, é em média 11,4%maior do que na soja convencional, podendo chegar até 30%.Em 1998, uma média de 1,22 libras a mais de herbicida foi usada por acre com cultivos transgênicos nos 16 estados norte-americanos que plantam transgênicos. No mesmo período, apenas 1,08 libras de herbicida foi usado na soja convencional, o que representa 11,4% a menos de aditivo químico na soja convencional. Em seis estados, incluindo Iowa (responsável por um sexto da produção de soja do país), o total de herbicida usado na soja transgênica Roundup Ready foi pelo menos 30% superior à média usada pelas variedades convencionais.Dr. Charles Benbrook, Instituto de Pesquisa Northwest Science and Environmental Policy Center, EUA http://www.biotech-info.net/troubledtimes.html3. Maggi começa a embarcar farelo de soja não transgênicoDepois de um ano de margens comprimidas, a indústria esmagadora de soja respira mais aliviada neste início de ano. A melhora na rentabilidade provocada por uma recuperação dos preços internacionais do farelo está sendo suficiente para que o maior produtor de soja do país, o grupo Maggi, ingresse na atividade.O grupo está colocando em funcionamento a unidade que arrendou da concordatária Olvepar, no início do ano. Deverão ser processadas por dia 1,5 mil toneladas de soja na esmagadora, localizada em Cuiabá (MT). "Houve uma melhora nas margens, gerada principalmente pela maior demanda internacional por farelo", afirma o presidente do grupo, Blairo Maggi. (...)Os primeiros embarques já estão programados para julho. A maior parte do volume exportado será direcionada ao mercado europeu, mas também haverá exportação para a Ásia, diz o empresário. (...)Toda a produção será certificada como não-transgênica, o que deve garantir ao grupo um diferencial de preço nos contratos, afirma Maggi, sem precisar valores. A empresa certificadora, porém, ainda não foi contratada. (...)Valor Econômico, 03/05/01.4. Ministério da Agricultura cria comissão para transgeniaO Ministério da Agricultura criou ontem, em portaria publicada no Diário Oficial criou a Comissão Técnica de Biossegurança Vegetal. O objetivo é acompanhar as atividades e os projetos relacionados aos organismos geneticamente modificados, conhecidos como transgênicos. A comissão terá ainda que sugerir regras para a fiscalização e monitorar atividades relacionadas aos transgênicos.Estado de São Paulo, 04/05/01.Sistemas agro ecológicos mostram que transgênicos não são solução para a agriculturaConversão de café convencional para orgânico obtém sucesso em fazenda tradicionalA fazenda da Cachoeira (MG) é uma tradicional propriedade produtora de café. Sua sede data de 1841 - época em que as principais atividades da propriedade eram a pecuária de corte e de leite. A atividade cafeeira iniciou-se no princípio do século XX e foi o que manteve a fazenda até os dias de hoje.Com o passar dos anos, novas gerações assumiram a administração da fazenda, o que provocou um choque de paradigma, de postura técnica e econômica. Os novos administradores traziam consigo o desejo de introduzir na fazenda a agricultura orgânica e já tinham experiências com sucesso na horticultura orgânica em outra propriedade. Foi-lhes concedida então uma área para experimento com a produção de café orgânico.A área inicial para o experimento era de 6 hectares: 4 hectares para a implantação de uma lavoura convencional de café e 2 hectares para a lavoura de café orgânico, a fim de que os resultados das duas áreas fossem comparados. O resultado obtido foi inesperado para muitos na fazenda. A área com café orgânico apresentou melhor desempenho no vigor das plantas, na produtividade e também no preço obtido pelo produto.Diante dos bons resultados a lavoura orgânica se estendeu para 26 hectares do total de 50 hectares que são destinados ao cultivo do café na fazenda, e há ainda uma tendência em se aumentar esta área nos próximos anos.As lavouras de café são rodeadas por fragmentos de florestas e faixas arborizadas que formam uma bordadura repleta de biodiversidade, contribuindo para o equilíbrio do agro ecossistema.De forma geral, os cafezais orgânicos tiveram até hoje poucos problemas com pragas e doenças, o que foi devido, em grande parte, ao aumento gradativo da biodiversidade nessas áreas.Os resultados econômicos são animadores: nas lavouras de café convencional da propriedade a produtividade média é de 40 sacas por hectare. Já nas lavouras orgânicas, a produtividade média em 3 anos é de 50 sacas.Além do café, uma parte das lavouras de milho já foi convertida para a agricultura orgânica e a produção de gado leiteiro está em processo de conversão. Já se percebe a necessidade de expandir ainda mais a produção orgânica n fazenda.Manfred von Osterroht, Sistema de produção de café orgânico na fazenda da Cachoeira. Botucatu, agro ecológica eventos e publicações, ano I abril/maio 2000, p.17-18. Lançamento: Fátima Oliveira convida a todos para o lançamento de seu livro Transgênicos: o direito de saber e a liberdade de escolher (Mazza Edições, 167 páginas, R$ 20,00), a realizar-se no dia 10 de maio (quinta-feira), às 19:30, nos jardins internos do Palácio das Artes - Avenida Afonso Pena, 1537 - Belo Horizonte - Minas Gerais. Compareçam!

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