Poços de Prudência.
Bonito o titulo. Faz pensar na importância que davam os antigos aos poços. Dai de beber a quem tem sede, vaticinava a Sagrada Escritura. A Palavra poço lembra fonte de água e vida. E a vida e a água eram bens fora do comercio. Veio a “engenharia genética e patenteou a vida, veio a ganância e quantificou a água.
Quem acompanha as noticias dos jornais, devem lembrar, que nesses últimos anos, fala-se muito em águas e em águas subterrâneas. Os aqüíferos e sua exploração estão na ordem do dia. O fato tem sido apresentado como grande novidade, uma das soluções para o futuro, pois as água subterraneas em sua grande maioria são mais puras, e necessitam menos tratamento. Esse o quadro, encontrado nas noticias, que prepara cada vez mais o mercado da água.
Águas subterrâneas, ou águas de superfície, ou água aéreas, são riquezas que devem ser conservadas e consideradas com muita prudência, pois é um bem de todos, não só dos homens.
Em 18/04/91 o jornal “O Estado do Paraná” publicava matéria titulada “micropoços; beneficio às comunidades rurais”. Naquele texto, dizia-se sem muito alarde que haviam perfurado 100 poços em 75 municípios do Paraná. Tratava-se de um esforço da Sanepar em levar água subterrânea ao baixo custo às pequenas comunidades rurais.
Recentemente conversei com japoneses em Brasília e fiquei sabendo que os japoneses são capazes de perfurar nesse intuito, poços de ate dois mil metros de profundidade. Não sei a que profundidade a tecnologia da Sanepar já atingiu, o que interessa aqui, é que, com o potencial hídrico brasileiro, que é um dos maiores do mundo, a água não tem sido o nosso verdadeiro problema. Mesmo assim, esses poços artesianos, devem ser considerados com prudência, pois as águas formam calços hidráulicos subterrâneos, que uma vez retirados podem provocar acidentes de grandes proporções. Os poços não devem retirar mais água do que a natureza lhes repõe. Por que, eu me pergunto, estrangeiros vem insistentemente advogar a necessidade de perfurar tais poços. Que interesse eles têm? Ainda que me acusem de xenófobo, julgo intuitivamente, que por detrás desta massiva propaganda das vantagens de perfurar poços de grande profundidade escondem não exatamente o desejo de encontrar água, mas a prospecção real do solo, sem as devidas licenças, em busca de riquezas minerais e orgânicas como os hidrocarbonetos petrolíferos. Não podemos esconder que durante o governo FHC, abriu-se a possibilidade de estrangeiros explorarem o nosso subsolo, e que, infelizmente para nós, vem sendo estudado há anos, seja via os satélites e através de contrastes dos raios infravermelhos no espectro, entre outras técnicas geológicas. O resultado, infelizmente só os cidadãos brasileiros desconhecem. O mundo, por outro lado, conhece e cobiça o nosso subsolo.
Sem que o leitor ironize, alem de 8,5 milhões de quilômetros de costa marinha passível de dessalinização, as águas aéreas, os rios que voam, e que ninguém lembra,... Aqueles milhões ou bilhões de toneladas de puríssima água suspensa em nuvens e que despejadas sobre a superfície, sobre o solo, garantem a vida e vão alimentar os aqüíferos, os rios e os mares purificando as águas por mecanismo natural do ciclo da evaporação, e que hoje, os tecnólogos ainda não se preocuparam, em seu melhor aproveitamento para consumo, que seria, no meu entender, o mais barato, o mais seguro, o mais adequado, até mesmo do que a dragagem subterrânea, pois essa ultima, pode resultar como já dissemos na contaminação dos aqüíferos ou em sérios desabamentos. Mas ninguém se lembra dessa riqueza suspensa nos ares como se elas não existissem. Por que, como nos diz a Sagrada Escritura, “os tesouros do céu não estão ao alcance do ladrão.”
E só na Bolívia alguém conseguiu privatizar as águas das chuvas. Os ladrões ainda não alcançam os céus, mas quando os tesouros dos céus caem ao chão, eles roubam dos pobres, dos animais e das plantas, quantificando tudo e escravizando as pessoas em nome da liberdade.
Wallace Requião de Mello e Silva.
Escrito em 1996.
Deus é um só!
Há 8 anos
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