sexta-feira, 31 de outubro de 2008

A esfericidade da terra.

A Esfericidade da Terra.

Duas vezes em minha vida pude presenciar um eclipse lunar. Numa dessas noites, que presenciei pela segunda vez, pude observar que a Lua, ao ganhar o tom avermelhado ganhou em conseqüência definição de suas sombras e revelou uma esfericidade flagrante, tão flagrante como quando observamos uma bola. Ë insofismável a sua esfericidade. Imediatamente pensei que seria impossível diante de tais evidências que os antigos imaginassem uma terra chata como um prato, ou quadrada, como tal curioso e famoso desenho egípcio muito antigo nos retrata. Certamente aquele desenho era um desenho de criança, ou uma história de adulto para crianças. Não podia ser outra coisa. A julgar pelos conhecimentos matemáticos e astronômicos dos egípcios não poderia haver, dos sábios, sobre a Terra, tal interpretação. Passei a investigar como leigo, e dentro das minhas possibilidades de observador arguto relato o seguinte.
A primeira coisa que fica clara para nós é que os antigos observavam o céu e a natureza com muito mais argúcia e método dos que os homens de hoje. E suas deduções foram fenomenais. Os egípcios elaboraram um calendário de 365 dias. Nos templos contavam os 360 dias reservando os cinco últimos para as festas das cinco divindades (planetas principais). Sabiam que o ano solar ia atrasando aos poucos em um período de 1500 anos, o que resultava em 365 dias e um quarto o ano solar. E não sabiam que a terra era redonda? Matematicamente impossível.
Júlio César, imperador romano, auxiliado pelo egípcio Sósigenes, elaborou o calendário “juliano” de 365 dias e um quarto com um acréscimo de um dia de quatro em quatro anos. A frota romana já navegava o Mediterrâneo e com a tomada da Macedônia em 200/197 AC eles navegam as águas navegadas por Alexandre, o Nilo, o Mar Vermelho, e o Golfo Pérsico. Ë possível que tenham navegado também o Indico.
Em 1582 o Papa Gregório VIII fez as correções necessárias no calendário que ficou conhecido como Gregoriano.
Os Caldeus inventaram as semanas de sete dias e a divisão do dia em 12 horas duplas (12 horas de 120 minutos), ou seja, horas de 120 minutos. Traçaram cartas astronômicas estabelecendo as distinções entre planetas e estrelas. Estabeleceram o Zodíaco de doze signos. Com observações minuciosas por um período de mais de 350 anos, previam a orbita solar e eclipses do Sol e da Lua. No século VII antes de Cristo descobriram e provaram a variação e inclinação do eixo da terra (portanto conheciam a eclíptica e não sabiam que terra era redonda?). No século VI, antes de Cristo, os caldeus calcularam a duração correta do ano com uma aproximação de 26 minutos, é mole? Os Sumérios já dividiam o circulo em 360 graus, e não sabiam que a terra era redonda, ou geodésica?
Mas é em Erastóstenes, grego do império oriental, que se dissipam de uma vez por todas as minhas dúvidas. Eles conheciam a esfericidade da terra. Nascido Erastóstenes em Cirene, a mesma cidade do Cireneu que ajudou a carregar a Cruz de Cristo, cidade próxima de Alexandria (Egito), em 276 ou 272 antes de Cristo, ele estabeleceu por cálculo, a circunferência e o diâmetro da terra, com um erro menor do que 10% provando a sua esfericidade matemática. Para uma época em que não existiam telescópios, astrolábios e teodolitos a façanha nos parece quase inacreditável. Mas vivendo em Alexandria onde foi bibliotecárias da famosa Biblioteca do mesmo nome, em tempos depois de Alexandre Magno, Ter, insofismavelmente, fundido definitivamente em contato mútuo as culturas gregas com as orientais, não devemos esquecer também, dado ao interesse para a navegação a questão da esfericidade, que a frota de Alexandre já houvera navegado o Mar vermelho, o Golfo Pérsico e o oceano Indico. Mais surpreendente ainda é que Erastóstenes em mapa agrupa as terras conhecidas e prenuncia a existência antípoda em latitudes e longitudes correspondentes uma outra terra continental (América?). Mais do que isso, em seus três volumes de “Geografia” Erastóstenes diz que seria possível chegar as Índias navegando para o Ocidente a partir da Numância “Espanha”, isso 1700 anos antes da viagem de Colombo. Para mim estava bem comprovada a tese de que se conhecia desde muito a esfericidade da Terra, primeiro como reflexo da observação direta dos corpos celestiais, em segundo pelo estudo das sombras e da necessidade de se compreender o tempo, e depois, pela revelação simbólica inscrita na história como podemos bem deduzir de alguns escritos de Platão. Depois pelo MITO DE ATLÂNTIDA, o continente perdido no oceano Atlântico. Por fim matematicamente.
Agora acompanhe meu raciocínio. Sabemos hoje:

A Cidade fenícia de Tiro (século XII a VI, AC) revelou ao Mundo o oceano Atlântico, pois navios fenícios passando Gibraltar iam a Bretanha, especialmente às ilhas Cassiterides (Sorlinges e Scilly) onde iam buscar estanho (cassiterita) para fundir o bronze; na Gale (França) também estiveram no mar do norte. E da India, pelo Mar Vermelho, não só por ele, como veremos adiante, trazia ouro pedras preciosas, marfim e especiarias. Mas se os fenícios subiam o Atlântico em direção ao Norte, nunca desceram em direção ao sul? Veremos adiante.
Heródoto nos conta que o Faraó Necao II mandou aos fenícios então sob domínio dos egípcios, fazer a circunavegação da África partindo do Mar Vermelho e voltando pelo Atlântico, após contornar o Continente Africano ate ingressando no Mediterrâneo ir à Alexandria. Isso 600 anos AC. Levaram três anos nessa viagem.
Em 968-036, o fenício Hiram navegava para o rei hebreu Salomon a quem fornecia materiais para o templo de Jerusalém, percorrendo a África e o Indico. Quem eram os povos do Mar que acabaram com a cidade fenícia de Tiro? Como o nome Etiópia (África) designava-se, como generalização, toda a África, e de lá, de vários dos seus países os fenícios traziam escravos negros, e escravos brancos capturados na Grécia, na Sarmaciana, no Caúcaso, e crianças (da America? Eu pergunto?) que trocavam por bugigangas e vendiam para hebreus, egípcios e outros reinos. Há autores que defendem sua presença real na America Pré Colombiana.
Em 450 AC, Hanon, navegador cartaginês explorou a costa Ocidental da África, portanto navegou o Atlântico.
Entre 330 e 325 AC, Ptéias, grego, ultrapassando o Gibraltar explorou as ilhas Britânicas por mar.
Os vikings também visitavam o Mediterrâneo. Em 860 DC os vikings descobriram a Islândia, e posteriormente por volta dos anos 900 (891) descobrem a Groelândia, onde fundam uma colônia, e Leif Ericson, filho de Erick o Vermelho, já cristão partindo da Groelândia chegava às costas orientais da America do Norte nas proximidades do Meridiano 54O L em Terra Nova.
Ibn Batuta, navegador árabe, em 1324 navegou mais de 50.000 quilômetros nos mares Arábico, Indico e Pacífico, entre a África, India e China.
O Papa Inocêncio VIU italiano, enviou em 1252 freis Rubruquis, Rubrouck e Plan Carpin ate Pequim provavelmente ao meridiano 110o W, por terra. Em 1275/1295 Marco Polo navegou no Mar da China ultrapassando o Meridiano 120o W. Em 1405 Zeng He o navegador chinês da Dinastia Ming, de religião muçulmana, chegou à África Oriental e esteve no Mar Vermelho, onde visitou Meca.
Ou seja, como estamos vendo, o caminho para as Índias, e a existência da America, era uma realidade, esquecida poderíamos dizer, mas poderíamos dizer também, convenientemente oculta. Todo o sensacionalismo sobre a não esfericidade da terra que encontrei em textos variados ate agora, fazem parte de uma critica direta ou indireta à Igreja e a Idade Media, quando a religião Católica ia atingindo o seu ápice teológico.
Fica muito difícil nessa perspetiva que coloco voltar a creditar que os portugueses e espanhóis, imaginavam que a Terra era chata, e que os mares havia abismo e dragões e que suas viagens eram acidentais. Só uma isenta “olhadela” na concessão feita ao navegador português Corte Real, por D. Manoel, das terras do Canadá em 1499, terras que hoje se chamam “Terra Nova”, entre o meridiano 50o e 60o, hoje se pode pensar no meridiano 70o, pois nele está São Salvador, as terras “descobertas” por Colombo, terras que ele tomou conhecimento no período em que viveu em Portugal, faz com que a gente perceba claramente que o “Tratado de Tordesilhas” intencionado e discutido contrário a decisão do PAPA espanhol, era linha mais profunda, mais ao oeste, pois os portugueses queriam claramente dominar as três fozes dos rios de acesso: São Lourenço no Canadá, Amazonas, no Brasil, e Rio da Prata na Argentina. No mais tudo é curiosa invenção. Não concorda? Então considere este texto de minha autoria uma invenção histórica, para além de curiosa.

Wallace Requião de Mello e Silva.

Obras consultadas:
Idel Becker Pequena História da Civilização Ocidental.
Relação do Papas, Gráfica e Editora Michalany.
Grande Atlas Mundial Readers Digest.
Ciência Ilustrada, Abril Cultural.
Marajás Beduínos e Faraós, Edições Melhoramentos.
Anotações históricas do autor.

Um comentário:

Anônimo disse...

A historia da terra plana fez parte da mitologia criada pelos Ingleses contra os adversarios catolicos (portugal e espanha), de forma a convencer todos (e ainda hoje todos aprendem da escola...) que so quando os Ingleses apareceram e' que o Conhecimento progrediu.
O grande divulgador destes mitos foi Washington Irving, que os incluiu em romances que tiveram imenso sucesso.
Vejam Stephen J. Gould para as provas do aparecimento repentino destas lendas nos livros ensino Ingles.
Antes disso, todos sabiam que os antigos sabiam que a terra e' esferica.
Um abraco.