terça-feira, 28 de outubro de 2008

Turismo no Paraná.

Turismo no Paraná.


Existe um paradigma cultural que pode ser traduzido como: Fazer turismo... Viajar. Ora, sem atribuir tecnicamente esse paradigma à atitude colonizada do brasileiro, sobretudo do paranaense, pode-se dizer que fazer turismo é uma especialização de um comportamento tipicamente humano, a comunicação no nível da presença física. Fazer turismo, não é comunicar-se a distancia, pelos meios eletrônicos ou através de estímulos visuais ou ainda outros meios. Mas também não é apenas viajar. Ë mais do que isso, é realizar o impulso de ir comunicar-se e ser recebido. Preparar o turismo, portanto, é em primeiro lugar, saber hospedar. Sim porque ninguém volta ao local, casa ou país onde não é bem recebido, e ninguém em são juízo, salvo por motivo imperioso, visita por livre opção, locais onde poderá perder a vida, a liberdade, a dignidade. Receber bem é a base do “Fazer o Turismo”. Hospedar, via de regra cria despesas. Quem hospeda não quer vender, não quer doar seus bens, mas quer receber, proporcionar, seduzir, bem tratar. Quando alguém, de tanto especializar-se na arte de bem receber, faz disso profissão, aí sim poder-se-á “vender” a arte de bem receber, algo num sentido muito restrito: pois tendo ofertado o melhor de si, não lhe é vergonhoso, receber do hospede presentes de gratidão, ou ajuda de custo, sobre as despesas de uma longa hospedagem. O lucro do turismo, (Imagem positiva e relações sociocultural e comercial) e o amadurecimento do turismo é conseqüência da arte de receber. Ou seja, a arte de receber é o alvo, o objeto concreto do Turismo enquanto política publica. A curiosidade, a sede de novidade, a proposição a viajar é o motor do viajante, mas a base do turismo é a arte de hospedar.

Sendo assim: Veja bem.
Vender para paranaenses e brasileiros grandes pacotes internacionais, tem sido via de regra o entendimento dos que vivem profissionalmente do turismo no Brasil e no nosso estado. Obtêm-se lucro dessa predisposição do desejo de comunicar-se. Isso é relativamente fácil quando há crise, angustia, ou dinheiro fácil. Há farto material para ajudar a se obter esse objetivo secundário do turismo. E o Brasil perde divisas. Agora, seduzir, viajantes do mundo todo e hospeda-los aqui, é algo muito mais difícil, dificuldade ampliada pela força do habito cultural.
Voltando ao relacionamento humano como base do turismo.
Em primeiro lugar, o indivíduo que hospeda precisa conhecer a si mesmo, gostar de si, querer ofertar o melhor de si, de sua vida, do lugar onde habita e da sociedade onde vive. Esse segredo é fundamental. Ser verdadeiro, e ter o desejo verdadeiro de receber pessoas, e não de vender-se, explorar pessoas, delas tirar o máximo proveito financeiro de sua visita. Isso, um turismo feito assim, é a visão capitalista da prostituição, o explorar o outro, ou pior, vender-se.
Ofertar turismo é antes de tudo investimento na pessoa que se recebe que trará lucro indireto esta claro, com o tempo, quando as pessoas quiserem voltar e voltar, e se dispuserem então a gastar para conviver nessa agradável companhia natural quase artística, enquanto arte de bem receber, e ação cultural.

Vamos comparar a dinâmica do Turismo de Estado com a hospedagem caseira. Haveremos de ter o espaço, o banho a disposição, a simpatia, à vontade e disponibilidade de levar, trazer, informar, contar, mostrar. Diante de nosso hospedes não queremos vender as nossas filhas, (turismo sexual) nem os objetos de nossa casa (quando muito um presente), nem gostaríamos de ser roubados, nem de levar, a custa de excessivos sacrifícios os nossos hospedes nas nossas costas. Não queremos ofertar orgias, drogas, jogo. Ao menos no meu caso, e na minha casa. Queremos ofertar com sinceridade aquilo que gostamos. Boa gastronomia dança divertimentos razoáveis, convívio, cultura, história, beleza naturais, curiosidades, valores, prazeres lícitos e sociáveis. Essa é a base do convívio sincero.

Portanto, se viajar é o paradigma tradicional do turismo, receber, seduzir e ofertar com responsabilidade é o paradigma real do fazer “Turismo”. Não há vôo sem pista para partir e aterrar, sem ponto de partida e chegada, objetivo a ser atingido, e retorno. Isso, simples assim, temos que reaprender. Turismo é diferente de migração, mas a arte de receber induz à migração, ao desejo de ficar, fim absoluto da sedução, a conquista. Fazer do bom cidadão estrangeiro um cidadão brasileiro.

Quando eu abro um jornal e vejo uma manchete como essa: “Negócios representam 50% do Turismo”, vejo todo o erro de atitude. Nessa perspectiva viajo apenas para comprar coisas, ou o outro. Uma transferencia de opinião, que pressupõe que pessoas “só viajam” para obter lucros em negócios (único atrativo), atitude de pessoas pobres, ou em crise econômica, ou ainda atitude tipicamente comercial e ambiciosa. Isso não é turismo, isso não é lazer, isso é comércio, que pode vir a ser, indiretamente, uma das conseqüências do verdadeiro turismo. Turismo repito é viajar e ser bem recebido resultando no desejo irresistível de ficar ou voltar e em acumulo de conhecimento com acréscimo, ganho, enriquecimento, na esfera pessoal. Isso é o que temos que aprender a ofertar. O mais é conseqüência. Quando um turista é a “vitima” de uma boa sedução, ele se torna o testemunho e o propagador, o divulgador desinteressado. Ele viabiliza o turismo, por sua própria conta e risco, ele é o agente maior do Turismo.

Conhecer-se a si mesmo: (estratégias de ordenamento).
Um arquivo de todos os encantos naturais do estado (conhecer o que se quer mostrar). Depois um arquivo dos serviços, da infra-estrutura hoteleira, das atrações culturais e das curiosidades históricas.

Criatividade:
Um banco de todo o material turístico disponível nos diversos segmentos do ramo, de modo a formar uma base de idéias e de como se formaliza a sedução no turismo mundial e nacional.

Uma central de pesquisa turística (Central Publica):
Um banco de projetos, oriundos tanto dos profissionais do ramo como de estudantes de turismo, de todo o estado em primeiro lugar, e de todo o Brasil se possível.

Investimento:
Elenco de prioridades, como por exemplo;
Educação do cidadão comum para bem receber os brasileiros de outras cidades, ou os estrangeiros;
Serviço de tradutores via telefone, largamente divulgado. De modo que um turista, ou brasileiro que queira bem comunicar, possa por telefone ter um interlocutor. Um operador poliglota.
Priorização do incremento de infra-estrutura, e orientação corretiva do que falta a cada região do estado para bem receber.
Orientação para que cada prefeitura ou comunidade saiba como incrementar o ato de bem receber.
Fontes de recursos, públicos e privados e definição das responsabilidades públicas e privadas.
Criação de um estereótipo estadual e nacional, para facilitar o reconhecimento típico do Paraná ou Brasil.

A sedução é um jogo de relacionamento, onde usamos de criatividade e todos os meios possíveis de cativar e encantar de modo a comunicar os nossos encantos.

A Internet pode ser muito, e muito melhor explorada.
O cinema, naqueles minutos iniciais, pode ser mais bem usado, para a sedução do cidadão no sentido de amar o seu torrão, tanto em outros estados e mesmo dentro do nosso.
A produção de filmes que mostrem os nossos encantos naturais, ou culturais, são ferramentas úteis e eficazes, pois a maioria dos países fez isso, donde se entende também, a utilidade da TV nesse mesmo propósito. Ou seja, a produção cinematográfica nacional deve ter por meta secundaria a divulgação turística, objetivo que geraria recursos oficiais para produção.
A publicidade comercial especifica do “turismo comercial” deverão ser distribuídos internacionalmente através de linhas aéreas, navios, e agencias internacionais de noticias e finalmente pelos próprios turistas.
A publicidade oficial, sempre gratuita.
As revistas de bordo (aviões) e material especifico para uso em navios devem ser criados.
As noticias internacionais (noticiários internacionais e criação de notícias que repercutam positivamente em outros países valorizando o nosso bem receber evitando lavar roupa suja nos noticiários internacionais).
O uso inteligente do viajante como agente e divulgador do bem receber paranaense.

Wallace Requião de Mello e Silva.

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