terça-feira, 28 de outubro de 2008

Alemão?

O Ramo Alemão da Família Requião.
Por: Wallace Requião.

Não estou em busca de nobres origens, ou vaidosos feitos históricos, quero apenas ampliar o círculo de conhecimento objetivo sobre nossos antepassados, avaliar suas influencias sobre as gerações, e identificar as vocações dos membros formadores da Família Requião de Mello e Silva. Pretendo, do resultado obtido, desenvolver uma tese geral sobre a hereditariedade, ambiente e profissão.
Tarefa bem difícil é organizar uma árvore genealógica de uma família. Se você considerar, que em vinte gerações, temos 1024 pessoas, ou 512 casais diretamente envolvidos com apenas um dos membros em investigação,(isso quando não ocorrem segundas núpcias), percebe-se a dificuldade da trama. Raramente as pessoas conhecem o nome de seus antepassados além da terceira geração. Trata-se portanto de verdadeiro garimpo.
Escolhido, por mim, o Governador do Paraná, Roberto Requião, como um ponto inicial da pirâmide hereditária, investigada nessa fase, encontramos pela sua linha materna, um ramo alemão já na terceira geração. O que corrobora, indiretamente com o nome Requião, que embora sendo toponímico português têm origem claramente Sueva, e raízes góticas como afirma Farid Mansur Guerios, ou como certa feita nos alertava Elvídio Ferrari segundo informações colhidas da Enciclopédia Portuguesa Brasileira, em 6 de junho de 1985.
Minha primeira investigação, no entanto, lançou luzes de ascendência familiares nas cidades de São Francisco e Itajaí em Santa Catarina, assim como Curitiba, Guarapuava e Prudentópolis, no Paraná e agora, com essas ultimas investigações, esbarro em patrimônio na Freguesia de Belém, município de Castro.
Um jornal em data de 24 de março de 1957, sob o titulo de Relíquias do Passado, conta-nos uma boa história de Gaspar Leopoldo Bischof.
Nascido em 4 de janeiro de 1826, oriundo da agricultura em Elmen, distrito de Reutter no Tirol. Personalidade incomum, agricultor, que numa atitude rara e aventureira para um humilde homem do campo, esteve na Suíça, (Suissa conforme a grafia do Jornal à época) Prússia e França, se bem interpretei a argumentação do autor.
No ano em que o Paraná alcançou sua emancipação política, Gaspar estava em Jerusalém com um visto datado de 7 de abril de 1853, expedido pelo consulado da Áustria em Jerusalém. De língua alemã, católico, teve uma vida riquíssima em aventuras que alternavam entre a arte escultórica religiosa e obras ferroviárias. Esteve no Egito e em Constantinopla. Sabe-se que trabalhou no atelier do mundialmente famoso escultor alemão, Ludwig Eberle ate 11 de fevereiro de 1860. Curiosamente dois anos depois, casar-se-ia em Guarapuava, em 16 de outubro de 1862, com Ema Joana Keinert, ela natural de Hanover (Annover), e filha de Cristiano Keinert e Carolina Siofia Wriigent (conforme a grafia do jornal). Tiveram 9 filhos, não fica claro, todavia, se em Guarapuava ou em Castro. Em 1957, havia em Guarapuava, ainda vivo, um de seus descendentes, Paulo Bischof.
Gaspar Leopoldo Bischof faleceu em Guarapuava em 21 de outubro de 1894. Numa próxima visita a Guarapuava vou procurar o seu tumulo e melhores informações.
Mas que relação, você pode estar se perguntando, tem isso com os Requião de Mello e Silva? Acontece que Ema Joana Keinert, tudo indica, pelo nome de seus pais, era irmã do bisavô de Requião, o alemão Carl Heirrich Cristian Keinert, filho de Heirrich Cristian Ciriacus Keinert e Sophie Caroline, natural de Wiegand. Portanto, Cristiano e Sofia Keinert eram os trisavôs do Governador Requião e pais de Ema.
Car Heirrich Cristian Keinert, alemão e irmão de Ema, casou-se com uma gaúcha, Luzia Soares de Abreu Keinert, em Guarapuava no ano de 1860, e uma das filhas do casal, Cristiana (Abreu) Keinert casou-se em Guarapuava, com Euclides Requião em 26 de dezembro do ano de 1900 sendo esses dois últimos os avós do Requião, e pais da mãe do Governador. O casal teve oito filhos.Tanto os trisavós, como o bisavô de Requião e avô de sua mãe, como vemos, pela linha materna, eram naturais da Alemanha. Em anexo fac-símile do documento de saída da Alemanha de Carl Henrrich Cristian Keinert que provavelmente viajou em companhia de seus pais e irmãos, documento datado de 17 de julho de 1853. Em 1857 já estavam em Guarapuava tendo desembarcado, tudo indica, em Santa Catarina.
Euclides (Lopes) Requião, que era filho de Luiz Antonio Requião, natural da Bahia (e que já exercia profissão no Paraná desde 1874) e de Gertrudes Lopes (natural de Niterói, que mudara ao Paraná com seu pai, o gráfico Candido Martins Lopes em 1853) possuiu uma gráfica em Guarapuava e um hotel em Prudentopolis (entre 1903/1908). Em anexo foto do casal Euclides Requião e Cristiana Keinert Requião , ambos faleceram na cidade do Rio de Janeiro.
Curiosamente o governador Requião casou-se com uma catarinense, com raízes riograndenses, natural de Joaçaba, e de origem teuto-italo-prussiana, que surpreendentemente mantém traços de arquetipica tradição cigana.

Wallace Requião de Mello e Silva.

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