terça-feira, 18 de novembro de 2008

Família de prestígio, prestígio de ser família.

FAMÍLIA DE PRESTIGIO, 143 anos de serviços ao Paraná.

Ultimamente ouço muito falar em famílias de prestigio na política, na vida empresarial e noutros setores da vida paranaense. Dentro desta idéia folheava alguns velhos livros em busca do “Quem foi o Que” na história do Paraná. Resolvi então escrever este artigo, sem a menor modéstia, a fim de informar e prestar uma homenagem à minha família.
No Boletim do Instituto Histórico e Geográfico e Etnográfico Paranaense, volume XXIX, num trabalho sobre os cem anos de imprensa no Paraná, assinado por Osvaldo Pilotto, consigo estabelecer duas datas que posso firmar como inicio de uma honrosa atividade familiar, 1853 e 1854
Em 19 de dezembro de 1853 com a emancipação política do Paraná, ao inaugurar o governo da Província, Zacarias de Góes num dos seus primeiros atos cria uma impressora a fim de dar conhecimento público dos atos do governo.
Assim traz de Niterói a “Typographia Lopes” de propriedade de Cândido Martins Lopes, meu tataravô. Deste ato surge o primeiro jornal do Paraná, “O Dezenove de Dezembro”. Cândido, que foi patrono da cadeira n dois da Academia Paranaense de Letras e de cujo duro trabalho, direta e indiretamente surgiriam, a Imprensa Oficial, a Impressora Paranaense e um dos grandes jornais do Paraná atual. Casado com Gertrudes Lopes teve entre outros filhos, a filha Gertrudes, que se casaria com o baiano Luiz Antônio Requião, minhas bisavós na linha materna.
Ao mesmo tempo chagava à Curitiba, Justiniano de Mello e Silva, sergipano, advogado, jornalista e sociólogo que atuaria de forma incisiva na vida política da nova província. Vereador, Deputado, Secretário de Estado no governo de Lamenha Lins, bateu-se pela escola pública e pela abolição da escravatura. Sua vida está definitivamente ligada à história do Instituto de Educação e do Colégio Estadual do Paraná. Tendo também militado na imprensa do Rio Grande do Sul, fundou redatoriou ou colaborou com os seguintes jornais paranaenses: “O Paranaense”; “25 de Março” (1876); “Jornal do Comércio” (1883) e “Sete de Março” (1888). Justiniano foi meu bisavô pela linha paterna.
Ambos os casais tiveram muitos filhos. Dos filhos do casal Requião e Gertrudes destacam-se: Aníbal, fundador do primeiro cinema do Paraná, o Cine Start, autor dos primeiros documentários cinematográficos sobre o Paraná e fundador da livraria que originaria as tradicionais Papelarias Requião e, Euclides, meu avô, que entre outras iniciativas pioneiras registra-se na pena de Osvaldo Piloto a participação na criação da primeira rádio do Paraná, a PRB2 junto com Lívio Moreira o fundador, Flavio Luz e Fido Fontana. Fato este também confirmado por Germana Moreira, filha de Lívio, e Jacinto Cunha em “Cadernos do Arquivo Público”.
Dos filhos do casal Justiniano e Tereza, pode-se destacar o coronel Wallace de Mello e Silva, meu avo, chefe da Estação de Ferro, Vereador, Presidente da Câmara Municipal e Deputado Estadual; e Cândido, médico paranaense que se notabilizou na luta contra a febre amarela junto a Osvaldo Cruz no Rio de Janeiro. Quem visitar a antiga prefeitura de Curitiba encontrará, ao lado da porta, uma placa comemorativa lembrando os nomes dos edis de então, entre outros, o de meu avô, era o ano de 1916.
Euclides Requião e Cristiana Kainert casaram-se em Curitiba. Ele curitibano, ela guarapuavana filha de imigrantes alemães. Tiveram oito filhos.Os irmãos e as irmãs Requião aplicaram-se ao comércio, participaram da gráfica de Guarapuava e de um dos primeiros hotéis de Prudentópolis lá pelos idos 1900..Levaram em frente “A Nacional” uma loja de departamentos fundada em 1920 e que em seus setenta anos de existência inovou na moda, no mobiliário, nos brinquedos, nos presentes e foi uma forte importadora de equipamentos e ferramentas. Fazia parte do patrimônio histórico do comércio da cidade assim como a Casa Glaser com 100 anos e a marmorearia Vardânega com 130 anos.
Wallace de Mello casa-se em Curitiba com Jeovanna Tadeo filha de imigrantes italianos. Geram oito filhos dos quais se destacam: Justiniano Neto, médico, fundador da Casa de Saúde São Sebastião e prefeito das cidades de José Pedro e Colatina; Péricles, médico psiquiatra formado em Berna e Viena; Ulisses, advogado e professor universitário, foi diretor de alguns dos melhores estabelecimentos de ensino do Paraná; e Wallace Thadeu, meu pai, médico, psicólogo, Vereador em 1946, Prefeito de Curitiba em 1951 e professor da Universidade Federal.

Nos dias de hoje meu irmão Roberto Requião, advogado e jornalista, que exerceu os mandatos de Deputado Estadual, Prefeito de Curitiba, Governador do Paraná e é Senador da República; Eduardo Requião, filósofo pela PUC do Paraná, psicólogo pela UFRJ, psicanalista pela Sociedade Brasileira, exerceu o cargo de Secretário de Estado do Meio Ambiente, e será o provável candidato pelo PMDB à Prefeitura e finalmente Maurício Requião, psicólogo, foi professor da UFPR, das Univ. Integradas de São Paulo, da Universidade de Uberlândia e é Deputado Federal pelo Paraná, completam nada mais nada menos que cento e quarenta e três anos de serviços prestados ao Paraná.
Sem o menor demérito às grandes famílias paranaenses, este exemplo e esta homenagem que presto aos meus, sirva de incentivo e exemplo a todas as outras famílias que souberam honrar a terra onde nasceram e trabalharam. Prestigio político estável não se faz num único dia, além do trabalho é preciso probidade e amor às causas do bem público. Por detrás de tamanha obra é preciso lembrar sempre, que há uma mulher, mãe de família e esposa a gerar, educar, aconselhar, incentivar e fortalecer, pelo exemplo do lar e da vida pública profissional, o caráter e a moral de seus filhos.
Escrito já há alguns anos .

Wallace Requião de Mello e Silva.

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