sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

O Ringue.

O Ringue.
via grupog23 de Grupo G23 em 04/09/08

O Ringue.

Luta, luta , luta. Todos acham que a vida é uma luta. Devemos nos preparar, atualizar, estudar, porque a concorrência é grande. Temos que lutar, vencer, superar aos nossos concorrentes. Imagem irreal e falsa, absolutamente falsa.
Ringue, como todos sabem é o palco das lutas. Etmológicamente, ao menos na acepção mais provável vem do inglês “ring”, palavra que quer dizer, em português, anel, círculo, espaço limitado. Esse espaço onde homens lutam em busca da vitoria, uns sobre os outros. Fosse à vida uma luta, o mundo seria um ringue. Coloque cinco lutadores em um ringue e não se poderão esperar cinco vencedores, não é lógico. Ora, mas se existem seis bilhões de pessoas no planeta, e o mundo é um ringue, a lógica demonstra que é falso esperar grande numero de vencedores. A luta parece então absurda, inútil até, uma ilusão criada para que os homens continuem o lutar desesperado e assim tornaren-se escravos e lona dos vencedores. Muito século atras Jesus Cristo já houvera desmistificado esse perverso sistema, mostrando que a vida não é luta, mas Amor, solidariedade, fraternidade. Luta-se sim contra os elementos, o frio, a fome, as doenças, para poder conviver, e solidariamente viver, dividindo o pão, revolvendo a terra, gerando filhos, amando a Deus e ao próximo. A conquista pela força haverá sempre de esconder-se atras de discursos hipócritas, para subverter a paz, a solidariedade, a partilha, em nome do mais profundo individualismo da ideologia dos vencedores. Nenhuma fera, nenhuma doença conseguiu vencer os homens coletivamente, e coletivamente os homens se fizeram homens como obra de Deus. “E Deus viu que ao homem não era bom estar só, e lhe fez uma companheira”,... Criando insofismavelmente a Sociedade Domestica natural, modelo, a sociedade solidaria escola de todas as outras sociedades humanas que dela derivam, a Família. Ali se apreende a partilha, ali se reparte o pão; ali se resiste ao individualismo; ali se vence os elementos em conjunto; ali se perpetua a vida e a espécie; ali se vive as experiências do amor e se reconhece as diversas funções da vida em sociedade, a hierarquia da vida, a autoridade da vida; e o amor de Deus. Fora dela podemos gerar vida, mas não educá-la. Podemos ter filhos no egoísmo. Fora da família, ou na família em luta, a vida começa a se tornar um ringue, um anel, um círculo de luta onde a disputa entre macho e fêmea se define como modelo para a vida egoísta, narcisista, individualista, pessoal, onde temos o outro, mas não somos possuídos, pois somos vencedores lutadores dominadores, patrões, donos, homens e mulheres que uma vez em pé e libertos da servidão da derrota, elevam os punhos fechados de vencedores aos céus, tendo na lona, os filhos e parentes mais próximos como os primeiros derrotados. Fora da família sadia não somos sócios de uma empresa que gera indivíduos para a sociedade humana.
Mas, “ring”, a palavra inglesa, também quer dizer aliança, laço profundo que fazem os homens entre si para viverem em paz e entendimento, laço profundo que fez o Creador com a criatura, de tal intimidade e ligação que nos fez sua imagem e semelhança, condição para o convívio espiritual, na ordem, na hierarquia operacional e social, na compreensão do poder, não como razão de ser, mas como instrumento coletivo de exercício da convivência humana solidaria. Temos de escolher. Ou viver a ilusão de sermos vencedores a custa do espolio de nossos semelhantes, pisando as suas cabeças a qualquer preço e por quaisquer meios, ou viver, pelo contrário em aliança solidaria com eles, coexistindo com os outros homens e mulheres que Deus permitiu existir, e exercendo por amor de Deus nosso pai comum, a responsabilidade social tão mais profunda quanto maior a nossa posição hierarquia de colaboradores e servidores do próximo, da vida, de Deus como agente da dignidade de cada um e de todos os homens diante do imenso universo que nos tolera. Em outras palavras diante de Deus, criador do Universo, que em uma de suas ínfimas e incontáveis bolinhas, a terra, tolera esses seres humanos, aos quais amou e ama de tal modo que entregou seu filho Nosso Senhor, para que percebesse-mos ao pendurá-lo no madeiro, o que a sociedade de vencedores estava fazendo com o amor. Cuspia-mos nele, mutilava-mos, torturava-mos e crucificava-mos o Amor, para sermos enfim os “vencedores”. Hoje, longe de termos aprendido a lição do sacrifício do amor, a cada dia que saímos para a “luta” do cotidiano, humilhamos alguém, derrotamos alguém, pisamos em alguém, crucificamos alguém, matamos alguém, para enfim subirmos sozinhos ao pódio das ilusões com os bolsos cheios do dinheiro inútil produzido com o suor, a vida e a humilhação alheia. Gritarás de olhos fixos nas estrelas longínquas: VENCI,... E a voz ressoará sussurrante nos confins do universo solitário sem encontrar resposta ate que os cabelos brancos sejam a marca da derrota, o tempo a prova da frustração dos músculos frouxos, as pernas bambas, a vista fraca e a morte certa. Venci Senhor? Perguntarás na fraqueza e solidão. Ó Deus, eu não posso, enfim, derrotar-te? Sou um perdedor solitário... Amparado nas minhas ilusões. Destro... indo? Sinistro... indo? Passo a passo. Indo,... ando..., derrot...ando, te neg... Ando; innnnnnnnnnnndomado. Suminnnnnnnndo.
Então para que tentar vencer-te? Não nos bastaria amar-te e amá-los todos como Tu me tens amado?

Wallace Requião de Mello e Silva.

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