sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Eu não sou Jornalista

Jornalista?
via grupog23 de Grupo G23 em 28/08/08

Jornalista? Eu?

Wallace Requião de Mello e Silva

Não sou jornalista. Nem sei como alguém chegou a essa conclusão. Embora tenha muitos artigos publicados, em jornais, como Folha de Londrina, O Estado do Paraná, o extinto Correio de Noticias, Jornal do Estado, Gazeta do Povo, Correio Braziliense (com Z); Revista Magnum, ou tablóides como Vicentão, Cult, Folha do Boqueirão, Folha do Rebouças e alguns outros jornais não menos importantes, e em circulação no interior do estado, como em Guaíra, Toledo e Cascavel, todavia, repito, não sou jornalista. Meu primeiro trabalho como colaborador jornalístico, foi em 1982, no “Relatório Urgente”, jornal rodado pelo então deputado estadual Roberto Requião, e meu primeiro artigo assinado, que paguei para ser publicado, foi mercenariamente publicado em 1984, na Gazeta do Povo.
Meu pai, médico, foi jornalista, fundou a Tribuna de Vitória, no ES, e foi seu primeiro diretor. Era portador da matricula 100, carteira 91, (ou vice versa) da Associação Espirito Santense (capixaba) de Imprensa, afiliada à Associação Brasileira de Imprensa; datada de 22 março de 1938. Meu trisavô pela linha materna foi o fundador do primeiro jornal do Paraná, o “Dezenove de Dezembro”, ele era jornalista. Meu bisavô, pela linha paterna, foi fundador do jornal “A Crença” com Silvio Romero, em Pernambuco. Escreveu na célebre Revista Azul, militou na imprensa em Porto Alegre, e no Paraná fundou diversos jornais, tais como: Jornal do Comercio; o sete de Março; o 25 de Março; O Paranaense; e para defender Saldanha Marinho, nas pugnas nacionalistas redigia a coluna “O Artista”, todos eles têm exemplares em micro filmagem. Meu irmão mais velho é jornalista, formado pela Universidade Federal do Paraná, mas preferiu exercer a advocacia. Minha irmã é jornalista e estudou Direito, é formada pela PUC. Ela viúva, do também jornalista e advogado, João José de Arruda Neto. Também não sou escritor, digo, no sentido profissional do termo, embora participe de livro publicado pela Editora Beija Flor, e tenha um primeiro lugar e uma menção honrosa em concurso de contos. Escrevo porque gosto. Recentemente recebi uma citação num livro da CNBB, isso me envaidece, mas não estou com essa bola toda. Um dos meus textos sobre o aborto recebeu, de próprio punho, elogios do mundialmente famoso geneticista paranaense Newton Freire-Maia, documento datado de 18/5/87. Sou Psicólogo.
Na minha geração só fazia jornalismo o estudante que não queria estudar para o vestibular. Era mais fácil, tinha menos concorrente por vaga. Eu preferi a Psicologia e a Filosofia. Também fugi da profissão médica, exercida pelo meu pai com maestria.
Todavia o jornalismo, mais antigo, anterior à minha geração, era muito diferente, da “fofocagem e superficialidade” dos jornalistas de hoje. Quem consulta velhos jornais, verifica que o jornalismo do passado, baseava-se sobre tudo em textos, e formava opinião com artigos consistentes, com poesia e crônicas saborosas, com informações úteis. Com alegria até. Hoje, o jornalismo, especializou-se em corromper a confiança do cidadão na sociedade e nas instituições, e prostituiu-se, num jogo, que não quer mais a venda dos jornais, mas especializou-se no “financiamento” político e veiculação da opinião de quem paga, num espirito, diríamos, mercenário, ou mercantilista. Essa atitude não é regra geral, e há, ainda, no Paraná, grupos editoriais que se esforçam para manter alguma qualidade e independência. Embora, é verdade, percam espaço para a informação multimídia. Todavia os jornais são documentos, e incomparáveis no registro histórico. Hoje, todavia, pelo que disse acima, a história que registram, já não tem compromisso com a verdade ou com retratar a qualidade cultural de uma dada época. Infelizmente, embora, isso reflita uma verdade histórica, a sociedade e o jornalismo que estamos vivendo é assim mesmo, ou seja, essa é a realidade que estamos vivenciando e registrando para as gerações futuras.
Hoje impera a inconsistência e irresponsabilidade dos fatos escritos, e se alguém, quiser se dar ao trabalho, de compulsar folhas de diversas fases dos jornais, flagrará a súbita mudança de opinião, ou a flagrante contradição das opiniões, ou ainda, a total falsidade das matérias.
Não pretendo mudar essa situação, nem apresentar receita para corrigi-la, pois o escrever reflete a condição moral de quem escreve, a solidez de seu julgamento, a qualidade de sua sensibilidade, e por ultimo, só por ultimo, a correção do texto. Um texto correto, muitas vezes não diz nada, e há ótimos redatores que militam um jornalismo de péssima qualidade moral.
Termino esse texto aqui, pois minha intenção primeira, era afirmar, não sou jornalista, não sou escritor profissional, e nunca vendi um texto. Embora já tenha recebido para escrever como dever de oficio, como quando fui Assessor na Assembléia Legislativa do Paraná, Secretario Parlamentar na Câmara Federal em Brasília, ou Assistente Parlamentar, na Câmara Municipal em Curitiba (ou vice versa). Portanto escrevo o que penso o que pesquiso o que sinto, e sobre o que acredito. Não quer dizer, meu amigo, que meu texto seja bom.



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