Os Primeiros Brasileiros na Europa.
via grupog23 de Grupo G23 em 28/08/08
Os primeiros brasileiros na Europa.
Na sua aula inaugural, a Dra. Antropóloga Claudia Inêz Parellada, do Museu Paranaense, que, ao discorrer sobre a arte indígena, inspirou-me uma nova e interessante pesquisa, cujas pistas iniciais, eu quero delinear aqui.
Quero que você preste muita atenção ao que escrevo neste texto, pois não estamos acostumados a ver e analisar essa possibilidade antropológica, na ótica que vou propor agora.
Quem já imaginou índios e índias norte americanos e sul americanos, incas maias e astecas, passeando pelas ruas de Lisboa, Madrid, Londres ou Paris, lá pelos idos anos de 1500? Mas isso aconteceu, mais de uma vez, e isso é muito importante para os estudiosos. E curioso para os escritores e tema para romancistas. Que impressão eles causaram? Misturaram-se? Quantos formaram famílias na Europa? Que nomes tiveram essas famílias? Quanto tempo eles viveram? Em fim, no que deram, e que destinos tiveram esses troncos humanos ameríndios na Europa quinhentista? Americanos e brasileiros de origem ameríndia estiveram, também, na Índia dos hindus e na China dos Portugueses.
Adriana Lopez é escritora e historiadora pós-graduada pela Universidade de São Paulo. Em seu imperdível livro: “Franceses e Tupinambás na Terra do Brasil” (editora SENAC) ela nos conta as aventuras do navio francês “L´Espoir” que esteve em 1504 em Santa Catarina, e levou para a França o filho muito jovem do cacique Guarani, chamado Esomeriq e um seu pajem chamado Namôa, homem de 35 ou 40 anos ( pagina 21) sendo esses os primeiros catarinenses que se tem noticia foram levados para a Europa. É muito interessante. O que teria acontecido com eles? Será que um descendente desse jovem, voltou como legitimo alemão, francês ou açoriano?
Noutra passagem ela nos conta e descreve uma “Fête Brasiliénne” em Rouen, ocorrida em 1550, onde 50 índios Tamoios levados à França por comerciantes normandos faziam uma representação (teatral) da vida cotidiana dos índios do Brasil (pagina 93) para convencer aos franceses sobre as vantagens de investirem nas viagens marítimas para o Brasil.
O missionário Jean de Léry nos conta que as primeiras mulheres francesas só chegaram ao Brasil em 1556 em companhia de Bois de Comte, e eram apenas cinco, e ate essa data, os corsários, os exploradores e o “sindicato” faziam o comercio carnal com as índias, assim como também os portugueses. O Barão de itararé, ao contrario do que eu pensava, chega a afirmar que na America os franceses se contaminaram do “Mal Frances” a sífilis, o que é novidade, e essa doença desconhecida da Europa ate então, seria uma doença originalmente americana. Podemos supor e concluir que os chamados “lançados” (degredados) homens que eram abandonados nas costas marinhas do Brasil, produziram mestiços, que provavelmente, enquanto filhos de europeus tiveram, também, a oportunidade de embarque para a Europa.
O Doutor em História Francisco Drombroski em sua História das Américas nos conta que Gaspar de Corte Real, português, levou, em 1500, um grupo de 57 índios oriundos do Canadá (Terra Nova) para Portugal (pag. 248 volume IV) sendo esses mais um grupo de americanos na Europa.
Apenas esses dois autores aqui citados falam já em 109 ameríndios levados para a Europa nos primeiros anos. Quando eu estiver mais aprofundado na pesquisa, voltarei descrevendo outros relatos de viagem e cronistas da America que também falam de numerosos índios embarcados para a Europa e Oriente, abrindo assim uma hipótese genealógica e cultural, bem pouco considerada ou conhecida. Sabe-se, por exemplo, que foram os índios que introduziram o uso de redes de dormir na marinha portuguesa e francesa.
Wallace Requião de Mello e Silva
Para o G 23 de Outubro.
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