segunda-feira, 10 de agosto de 2009

O dia do pais.

O dia dos pais.
Nesse dia fui ao cemitério. Sentei-me nas proximidades do túmulo de meu pai e deixei meu coração naufragar na saudade e a alma aprofundar-se nos mistérios da paternidade. Vi e senti coisas num arroubo de visões repentinas, visões da mente, não dos olhos. Raciocínios sobre a paternidade.
Diz o Genesis que o Verbo criou o homem do barro. Ora a palavra gênesis quer nos falar de inicio, origem, geração. O verbo, nos ensina a gramática portuguesa, é palavra que expressa ação. Então o Verbo invisível, ou seja, a ação invisível de Deus Pai, masculino, ativo, cheio de ímpeto, vontade e inteligência, intencionalidade invisível, molda o barro, a matéria, que complacente se deixa servir da vontade invisível para tomar a forma humana. A natureza material, criada pelo Deus invisível, cede femininamente, ao desejo do Pai. Nasce o homem. Mas do homem, da carne do homem, a vontade invisível faz a carne da mulher, num símbolo que repete a origem primeira da vontade sobre a matéria, e a mulher é carne, a mesma carne do homem, o mesmo ser humano. Símbolo profundo, pois se o homem tem por necessidade da vida que alimentar-se, ao alimentar sua carne, alimenta a carne de sua mulher que lhe é da mesma natureza. A Bíblia nos diz que o homem sadio, não aborrece a própria carne, e, portanto a carne do homem e da mulher, feitos por extensão do mesmo barro, servem um ao outro segundo a vontade do Verbo invisível.

Homem e mulher os criou. E os criou solidários nos desejos e necessidades. Mas o Verbo invisível os manda procriar, e a carne, nascida da carne, nascidos da terra, natureza material, gerarão a carne de sua semelhança, segundo a vontade invisível do Verbo. Estava definida a origem comum do homem, e da mulher, origem natural, material, ao qual o Verbo invisível soprou um espírito de luz semelhante e imagem de si próprio enquanto criador intencional de todas as coisas. Donde vemos que o invisível molda o visível, o imaterial gera o material, e o alimenta numa constante e clara manifestação de sua vontade.

Estava explicada a origem imaterial e material dos seres humanos, origem essa que se repetirá no advento do Cristianismo, não só aprofundando o mistério da paternidade, mas reconhecendo, que uma vez criados os homens e mulheres como humanos, imagem e semelhança de Deus, em algum grau eles, como imagem de Deus teriam liberdade e vontade. Assim Deus agora, para gerar seu Filho pede o consentimento da Virgem, e esse SIM da mulher, diante do Deus onipotente, é a porta e o mistério da paternidade divina, em Cristo e na alma de todos os homens. O Sim da mulher gera o pai, não somente o filho. Então homem e mulher realizam o mistério. Sendo uma e só mesma carne, geram a carne de sua semelhança. No caso de Deus, o SIM da Virgem gera a paternidade visivel de Deus, e o Filho de Deus. Mas há uma breve alusão a sensualidade imaterial, que determina a concepção da vida divina. Gabriel, o arcanjo mensageiro da vontade divina, cujo nome quer dizer: Vontade de Deus, cobre, disse cobre, com sua sombra a virgem e ela concebe do Espírito. Esta cobertura do lado escuro da luz torna visível o invisível, e torna compreensível o incompreensível, torna material o imaterial, e indica o caminho, o rastro sensual, ou seja, submetido aos sentidos a concepção divina e humana. Ora a concepção da carne se faz por meio da carne, como já nos mostrava o Genesis. Entra no quadro o sexo, sempre sob o consentimento da mulher, sem violência, pois o homem não deve aborrecer a sua própria carne, e a mulher é carne do homem, como o homem é carne da Natureza (barro moldado pelo Verbo) e o filho do homem e da mulher é carne, no exato sentido de "sereis uma só carne", ainda que em diversos filhos, todos são uma e só mesma carne. Este Sim, se o olharmos pelo advento do sexo, é o aceitar a masculinidade e espiritualidade do homem. Ora não será difícil concluir disso, que pai é o macho da mãe, ou seja, pai é em primeiro lugar o macho material e espiritual que a mãe aceita sobre si, para que ele com sua sombra (o mistério oculto da vida) a cubra, e ela gere. Donde vemos que o pai é o masculino aceito pelas fêmeas, o Pai é a carne masculina da mulher. Qualquer violência nesse sim separa as carnes, e nela o reflexo necessário, natural e espiritual, do pai sobre a carne dos filhos. A Autoridade (vontade geradora do verbo imagem) só se realiza no pai, enquanto ele é aceito pelo SIM materno. Ora, então o exercício da paternidade depende da complacência da mulher na aceitação de seu macho, que se estende de maneira natural á prole. O rompimento, a negação do querer o macho, o afasta da intencionalidade da paternidade, que é bem mais que gerar, mas conceber, gerar, manter e educar a própria carne nos filhos. A falha nessa complacência da matéria para com o espírito faz com que a matéria se ache capaz de gerar o espírito, que a mulher seja o verbo ativo, e o homem o passivo. Isso tem sido a conseqüência da revolução nos diz o Silabo (documento católico de Pio IX). A Matéria se sobrepõe com violência sobre o querer da ordem natural da criação, demolindo a paternidade, e também a maternidade. Pois o SIM da mulher gera o pai, gera o filho e gera a mãe, não por si mesma, mas segundo um querer invisível daquele que não teve começo e não terá fim. A humildade do Filho é a redenção dos pais, pois a obediência aos que lhe deram a vida, ensina, reflete a obediência que os nossos primeiro pais e toda a ascendência humana devem ao Criador de Tudo.
Obedecer a Deus, mesmo com imperfeição que nos é tão peculiar, restaura a paternidade.

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