segunda-feira, 6 de julho de 2009

Justiça a cento e noventa por hora.

Justiça a 190 por hora.
Parece que eu sou o único nesse país que sou a favor da censura moral. Diz o desembargador Ítalo Galli em seu livro titulado “O direito da Moral”, que se abstrairmos a moral perdemos a sólida noção de certo e errado e como conseqüência perdemos a noção de crime. Assim a justiça torna-se apenas instrumento de coerção social segundo os interesses desse ou daquele século, tornado-se a Justiça uma “ justiça “ consuetudinária, ou seja, uma justiça segundo os costumes dos poderosos. Já não haverá nela a estabilidade dos valores e princípios que garantam a liberdade e equidade em sociedade.
O segundo ponto é a verdade Bíblica de que todos nascemos e morremos com o consentimento de Deus, ou seja, não cairá nem um fio de nossas cabeças sem que Deus o permita, e isso segundo uma justiça que vai muito além da falível justiça e julgamento humano.
O terceiro ponto diz respeito à outra noção bíblica: “ Atire a primeira pedra aquele que não tem pecado”. Essa frase, para mim é um monumento de lucidez e traduz toda a hipocrisia da Sociedade, que sendo constituída de homens imperfeitos finge, encena e exige uma Sociedade PERFEITA, claro que sempre tendo os olhos cegos para os próprios defeitos. O “Mal” está sempre no outro. Do lado de lá.
A cidade esta cheia de adesivos com esse dizer: “190 é crime”. É verdade, a condução de veículos em excesso de velocidade é crime, mais ainda em via publica, pois coloca criminosamente a vida de inocentes em perigo. E é crime porque a lei assim diz. Embora não se limite a velocidade dos veículos, transferindo a responsabilidade hipocritamente sempre para o indivíduo, o lado mais fraco da corda que paga o mico.
O jornalista Nonato Cruz, em seu Blog no Rio de Janeiro, engendra um interessante texto titulado: “Justiça ou Vingança?”. Ora, ele reestabelece uma visão crítica da antiga pena de Talião, ou seja, dente por dente, olho por olho, porém agora exigida, transferida a vingança e a hipocrisia da Sociedade ( cidadãos bons) ao ESTADO ( O responsavel único), em fim, ao poder publico PERFEITO, e isso exigeuma justiça “veloz” a cento e noventa por hora, uma justiça espetacular, dizem, é necessária para acabar com a impunidade. Digo eu, uma justiça assim é algo temerária. Ora, para mim está bem claro, pois, se na condução de veículos é risco iminente o excesso de velocidade, muito mais grave para a sociedade é o excesso de velocidade, o açodamento, a pressa na justiça, pois esse excesso põem em risco toda a sociedade em seus valores mais fundamentais. Tornado-se, quiçá, a “justiça campeã” um braço temerário do Poder do Estado. Por outro lado, todos, corrompem os valores morais do homem e da Sociedade, e como conseqüência destruímos todos os freios internos do agir humano em sociedade, ( O homem não pode agir bem apanas por mêdo da polícia e da cadeia, mas por profundo respeito aos direitos alheios, incluindo o direito à vida) e falamos em acabar com a impunidade, quando as nossas vidas individuais, de nós todos (atire a primeira pedra quem não tem pecado) estão cheias de erros e quiçá crimes. E exemplo, e espetaculos, e publicidade da violência e da rebeldia). A justiça que queremos é por a culpa nos outros. E vender jornais.
Nunca assumir a nossa própria culpa.
Assim os meios de comunicação brincam de incitar a opinião pública nesse exercício de:” o mal está no outro”, e se o matarmos,... esse canalha, se lhe retiramos a liberdade colocando-o na cadeia, esse monstro, se os abortarmos antes de nascer... esse miseráveis,( claro sem olhar se fomos nós que os geramos) estaremos preservando o NOSSO BEM, a NOSSA LIBERDADE INDIVIDUAL, E a nossa SEGURANÇA, e neles, nos maus, estaremos controlando, matando todo o MAL, o mal da Sociedade.

Isso não quer dizer que algumas vezes a culpa está flagrantemente no outro, nem ao menos quer dizer que a justiça humana é inútil.

O que estamos dizendo é que o freio interior de cada ser humano ( auto-controle) não pode ser retirado, não pode ser minado, corrompido, relativizado. Com a existência dele, os homens pecam, sem ele, os homens caem no excesso e em todo tipo de exagero ainda que para fazer " justiça". Gera a injustiça, e a injustiça gera a violência das atitudes.

Esse texto terá um complemento em Video.

wallacereq@gmail.com

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