sexta-feira, 13 de março de 2009

Velhos livros, memoria e testemunho de como pensavam os que nos antecederam.

Velhos livros.
Talvez uma necessidade de mercado nos ensinou, erroneamente, que livros envelhecem, e pior, que se tornam inúteis. Isso não é verdade. Vou contar duas recentes experiências que, a meu ver, exemplificam como são importantes os velhos livros.
A grande vantagem dos velhos livros é fixar a memória e vencer o tempo. Essa é a base documental da História, e mesmo livros que nada tenham com a disciplina da história , fazem história, pois são um testemunho de como os homens pensam, escrevem, calculam, explicam o mundo, fazem poesia e romanceiam a vida em um dado momento. Só isso já justifica que se guarde e se cultue velhos livros. Ao arrumar minha biblioteca encontrei dois volumes de uma Geografia do professor Azevedo. Ao folhá-los me surpreendi com as mudanças que encontrei nos textos em relação aos dias de hoje. A Primeira impressão que se fica é a de quanto o Brasil evoluiu da década de sessenta para cá. Fotos mostradas naqueles livros, que nos mostravam, por exemplo, ferrovias, cidades, portos, monumentos confirmam a grande evolução que sofreu o país nesses últimos 48 anos. É incrível. Um homem muito bem informado como o professor Azevedo fazia parcas avaliações de algumas riquezas que hoje se tornaram volumosas e capitais para a economia brasileira, como por exemplo, a produção do petróleo. Sob o ponto de vista da geografia humana, novamente os dados ali apresentados mostram uma evolução surpreendente, capaz de aumentar as esperanças de qualquer brasileiro sobre a nossa terra, e o nosso povo. Essa simples comparação destrói num segundo todas as calunias que se faz do Brasil, pois ali esta o testemunho dos avanços que sofremos e que testemunhamos sem nos darmos conta. Telefonia, comunicação, estradas, agricultura, portos, jornais e revistas, livros, densidade populacional, numero de ofertas de vagas nas escolas, universidades etc. etc. e tal.
É sensacional.
O outro caso diz respeito à pesquisa sobre a palavra racismo. Quero dizer que em 1880, não existia na língua portuguesa a palavra racismo. E eu só pude descobrir isso, porque alguém guardou um dicionário de 1880. Para o Brasil império, o conceito de raça era vinculado aos mouros e judeus, porém o conceito de súdito fosse brasileiro, português, africano, enfim povo não tinha vínculo com a noção de raça, tratava-se pelo contrario de povos sob tutela do império ou de um rei, daí a palavra soberania. Sob proteção de um soberano.
Tudo isso é muito interessante, é o coração e a alma da história nacional.
Nesse sentido, é que eu proponho aos prefeitos e demais administradores que façam uma campanha para que livros velhos sejam doados para as bibliotecas publicas, de modo a preservá-los, ao invés de transformá-los em pasta mecânica e por conseqüência em papel higiênico.
A história é o registro das tendências de um povo, a direção da história vivida de um povo o que nos permite, em certa medida, prever os rumos futuros. Não destruam livros velhos. Doem para as Bibliotecas e escolas públicas.
Wallace Requião de Mello e Silva.

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