quarta-feira, 3 de março de 2010

A ventania das paixões humanas.

A ventania. (Vamos supor).

Vamos supor que a terra seja mulher. A humanidade inteira seria como os fios de seus cabelos, ajeitados, arrumados, ordenados em sociedade. Mas vamos supor que existisse um vento colorido. Ondas em movimento no ar. O rosa, por exemplo, caracterizava a onda, a ventania da sensualidade. O vermelho da ira. O amarelo da cobiça e assim vai. Ventanias fortíssimas!
A Terra, essa senhora zelosa de sua natureza, constantemente seria atacada por essas ventanias fortíssimas, que lhe desalinhavam os cabelos colocando a sociedade universal em crise, em revolução, em desalinho.
Então essa senhora tomou uma fina rede, quase invisível, e colocou sobre seus cabelos. As redes de cabelo, já não se usam, dizem alguns, mas é essa rede tênue, milenar, que tem mantido a sociedade humana ordenada, embora sujeita às ventanias fortíssimas.
Não usasse essa rede, a Terra já teria perdido os seus cabelos, tamanha a força dos vendavais.
A rede a que me refiro chama-se Igreja.
Ela cobre com suavidade quase imperceptível a sociedade humana nos cinco continentes e a mantém coesa em valores básicos e fundamentais, valores estruturantes que permitem a velha, e boa senhora, manter-se charmosa num aspecto aceitável e a humanidade em estado ótimo de civilidade. De ordem moral. De coesão de principios. Não fosse isso e a nossa terra teria a figura de uma Medusa com suas cobras famintas fazendo às vezes de cabelos bravios e revoltos mordendo-se umas as outras dentro das cinzas quentes das explosões das armas.
Vamos supor que; seja isso que estará acontecendo. Os cabelos em revolução querem escapar da rede da Igreja e entregarem-se ao vendaval das paixões.
Sinto o cheiro do enxofre no ar. Sinto o chão tremer. Sinto a erupção da fúria. Sinto o despertar de uma bruxa. A velha e silenciosa senhora se agita para livra-se da rebeldia de seus cabelos.
Wallacereq@gmail.com



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