Um herói incomum.
O apartamento na Av. Toneleiros 88 ficou vazio. O escritório na Praça da República abriga hoje a produtora de um dos seus filhos.
Contar toda a história desse grande vendedor que enriqueceu muita gente graúda nesse país, não caberia nesse texto.
Herói em primeiro lugar, por ter rodado o país (do Oiapoque ao Chuí) em um tempo difícil, sem estradas, sem os recursos de hoje, para vender e criar os filhos do casal (Ivo e Erika Braum Requião), três rapazes, enquanto grupos econômicos enriqueciam ( ele não se queixava) do seu trabalho árduo e criativo. Ele vendia e muito.
Não direi quais grupos, embora alguns, em homenagem, depositem até a presente data, suas comissões tão suadas, num ato de gratidão. Eles sabem de quem falo.
Herói e aventureiro, nascido em Prudentópolis no Paraná em 1904, ainda menino, carregava em um caminhãozinho seu piano, para completar e servir a Banda “Zampirone” nas frias madrugadas curitibanas. Pouco mais que menino, revólver no cinto corria nos interiores do Paraná como representante comercial, profissão que dedicou sua vida inteira. Jovem de pouca idade (26) alistou-se na Revolução de 1930, e foi dos poucos que tiveram o batismo de fogo. Orgulhava-se da profunda cicatriz que lhe transpassou o abdomem.
Importante na Sociedade Carioca porque foi fundador do Iate Clube do Rio de Janeiro e do Clube Graciosa em Curitiba. Importante no Brasil, pois tinha amigos em todo o país. Esse era Ivo Requião, tio do Governador Requião e o mais engraçado dos irmão de minha mãe. Ativo, alegre, amigo de artistas e magnatas, trabalhador incansável que levava presentes para os operários das fábricas para as quais trabalhava. Do trabalho deles, ele dizia, eu ganho o meu.
Dele ganhei meu primeiro automóvel. E também o segundo.
Nele (no carro) os mendigos do Rio dormiam à noite e algumas vezes ele ( meu tio)tomava um taxi, para não acordá-los. Ivo Requião, que figura, quem o conheceu pode comprovar, era um barato. Um circo parecia pouco espaço para ele quando estava inspirado. Não posso me esquecer de sua imagem descendo de um avião no Afonso Penna, solene com seu nariz de palhaço, aquela bolinha vermelha usada em circo, tranqüilo e altivo, na sua calça branca de linho e sua camisa colorida, entre mulheres de chapéu e plumas, e empresários orgulhosos.
Ria-se, pois a vida muitas vezes, lhe parecia uma palhaçada e uma injustiça.
O primeiro conjunto de fotos acima o revela como o soldado em 1930. A segunda foto isolada mostra o jovem vendedor (anteriormente à revolução) viajando a trabalho nos anos difíceis, entre 1922 e 1928. Ivo Requião foi exímio pianista, como sua avó ( Gertrudes Lopez), sua mãe (Cristiana Keinert) e sua irmã Luiza Requião.
Ivo Requião é o primeiro da esquerda para a direita, com o chapéu e poncho. Região de Guarapuava, data incerta.
Repito, herói, natural de Prudentópolis que conhecia todos os cantinhos do país.
Certa vez, ao fazer uma viagem em motocicleta de Curitiba ao Canadá, escrevi para ele da pequena Tegucigalpa na América Central. Disse eu: Meu tio eu percorri alguns milhares de quilômetros, mas nada se compara aos pares de sapato que você gastou e furou para encher a barriga de seus guris. Soube depois que ele chorou.
Para ele, eu era o herói. Imaginem só!
Ivo Requião, berço de ouro, construído por ele, com as próprias mãos.
Wallace Requião de Mello e Silva.
Grupo 23 de Outubro.
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Um comentário:
Eu chorei com a historia do jeito que você descreveu.... Meu pai tem uma visao meio fria do ivo, não sei, eles não se davam muito bem, pelo visto.
Ele é meu avô.
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