sábado, 5 de dezembro de 2015

Tradições aeronáuticas do Paraná

Tradições aeronáuticas do Paraná.


Como dizia Facundo Cabral, cantor e compositor argentino, assassinado na Guatemala em nove de Julho de 2011: “Há tanta coisa bela para se gozar nesse mundo que é uma perda de tempo sofrer”.


No blog, www.maquinasqueeugosto.blogspot.com já pude contar um pouco do inicio da aviação no Paraná. Seu primeiro piloto, a primeira mulher a voar, nossa primeira pilota brevetada, o registro de uso de aeronave como arma de guerra pela primeira vez em toda a América na Guerra do Contestado, e outros fatos curiosos como a visita dos pilotos propagandistas do nazismo ao Aero Clube do Paraná, e ou a visita de Santos Dumont ao Paraná e ainda o surgimento em Curitiba do Primeiro motor aeronáutico do Brasil, o motor Brasil.


Diz-nos, na ANAC, que existem pouco mais de 12 mil aeronaves registradas no país, o que é muito pouco para o nosso imenso território. Só para comparar, a cidade de Curitiba possui um milhão e cem mil veículos registrados A desproporção é muito grande, entre o transporte rodoviário e aéreo. Atribuímos isso à legislação sempre submissa aos interesses internacionais, que impedem no setor o crescimento natural da indústria e dos serviços.


Sempre que falo do Paraná gosto de lembrar que estamos falando sobre uma unidade da federação brasileira que corresponde a apenas 2,6% do território nacional.


Possuímos hoje em nosso território 78 aeroportos (no Paraná) sendo que 43 são públicos e trinta e cinco privados.


A ANAC nos diz que a frota de aeronaves registradas em nosso estado é de 740 aeronaves das quais quarenta e nove são helicópteros. Não seria muito lembrar que destas 11 aeronaves pertencem ao governo do Paraná, das quais sete foram adquiridas pelo governo Requião (PMDB) (um Caravan, dois Ximangos, um pequeno Cesna da Força Verde e três helicópteros).


Proporcionalmente o Paraná se destaca no cenário nacional. Com apenas 2,6 % do território produz perto de trinta por cento de toda a safra nacional, ou seja, trinta por cento do que produz os demais 97,4% do imenso território nacional.


Infelizmente ainda temos pistas de pouso privadas e publicas sem pavimentação o que reduz seu uso principalmente na época das chuvas e a segurança de vôo para determinadas aeronaves. Na verdade seis pistas públicas se encontram nesse estado e 31 privadas carecem de pavimentação. Possuímos dois aeroportos internacionais de porte.


Nossas pistas carecem de Hangares Públicos, que permitiriam o abrigo de mais aeronaves e viabilizariam o surgimento de novos aeroclubes.


Nossa malha ferroviária possui 2670 km, dos quais 260 km foram construídos pelo primeiro governo Requião. Temos hoje 18 hidroelétricas que garante a industrialização do estado, das quais seis foram construídas e inauguradas nos três mandatos do governo Requião (PMDB)


Nossa malha rodoviária possui hoje 261 mil quilômetros, sendo três mil quilômetros federais, 12 mil quilômetros estaduais, e 246 mil quilômetros de estradas municipais.


Temos portos que servem ao Brasil, ao Paraguai e ao nordeste da Argentina.


O Paraná vem lutando para elevar o nível de sua tradição aeronáutica, assim oferece três cursos universitários na área. A Universidade Tuiuti oferece o Curso Superior em Ciências Aeronáuticas, a Universidade do Centro Oeste do Paraná (UNICENTRO) oferece o Centro de Excelência em Aviação Agrícola, e a Universidade do Norte do Paraná (UNOPAR) o curso de Ciências Aeronáuticas.


O Paraná possui três indústrias aeronáuticas de porte, todas lutando muito pela sobrevivência. A Tradicional IPE dos engenheiros Boscardim, fundada em 1972 com mais de trezentas aeronaves construídas, a PLANAIR de Ponta Grossa no aeroporto Santana, e a Condor Agrícola montando em Andirá, os aviões agrícolas “Dromedário” da polonesa PZL.


No nosso entender, para dar o impulso necessário à aviação agrícola, precisaríamos torná-los aos olhos da lei todos experimentais para permitir o surgimento de aviões agrícolas nacionais fora do campo restrito da Embraer (reserva de mercado). A construção de Hangares Públicos em pistas estratégicas para a guarda e manutenção de aeronaves agrícolas, e o fomento e incentivo para a construção de aeronaves experimentais para uso restrito às zonas rurais de baixa densidade demográfica. Hoje em todo o Brasil existe apenas o registro de 1044 aeronaves agrícolas. É muito pouco. (os ambientalistas dirão que bom, menos veneno, mas a aeronave agrícola tem outros usos como semeadura, combate a incêndios, e formação de excelentes pilotos de combate) Precisamos de uma nova legislação para o espaço aéreo inferior. Não adianta isentar de impostos a importação de aeronaves, é preciso criar leis que permitam o surgimento de aeronaves nacionais para uso especifico e permitindo o uso do avião por mãos que não sejam das elites.


É preciso liberar a construção de ultraleves em território nacional, incluindo helicópteros de uso pessoal.


O Brasil tem sido pioneiro no uso de combustíveis alternativos, e o Paraná desponta como aviões movidos a alcool, óleo vegetal, e biodiesel. A Usina de São Matheus poderia se especializar na produção de um novo tipo de AVEGAS.


Temos tudo para liderar a aviação de pequeno porte no mundo... Se as “autoridades brasileiras” deixarem o brasileiro inventor empreendedor voar. E não esqueçam a aviação é proporcionalmente 1400 vezes mais segura que o transporte rodoviário.


Se o transporte aéreo ainda esta longe do alcance do povo brasileiro, imaginem então quanto precisamos fazer para colocar o mar, suas riquezas, sua fauna, seu comercio, sua energia eletro cinética ao alcance do povo brasileiro. Temos, vejam vocês: 8.500 quilômetros de costas marinhas, que nos parecem totalmente esquecidas das preocupações de nossos governantes. Se eles não vêem que a prioridade é o transporte de riquezas, sobre tudo de hidrovias e trens de carga, como pensarão sobre as possibilidades de desenvolvimento do transporte aéreo no interior do país, sobre modo no espaço aéreo inferior. O espaço aéreo superior fica para os vôos internacionais e para a alta tecnologia. O espaço aéreo inferior fica para o nosso dever de casa, o fomento e encurtamento de tempo na criação de um mercado interno mais forte, com mais opções, com mais mobilidade, com mais valor agregado. Não nascemos apenas para sustentar políticos e fabricas de automóveis estrangeiras.


wallacereq@gmail.com.



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quarta-feira, 30 de setembro de 2015

"Só no Brasil”? Não. No Canadá, nos Estados Unidos, na França, na Itália, na Inglaterra…


terça-feira, 29 de setembro de 2015

"Só no Brasil”? Não. No Canadá, nos Estados Unidos, na França, na Itália, na Inglaterra…

Problemas, de todas as ordens, não é "coisa nossa"

Se tem uma expressão que não me desce, e essa tal de “só no Brasil”.


O sujeito assiste a uma notícia no telejornal, presencia uma cena bizarra na rua, depara-se com alguma dificuldade burocrática, enfim, de alguma forma está em contato com algum problema, e crava:

– “Só no Brasil”.

Como se o país fosse uma ilha de desastres, vícios, mal feitos; e o redor do mundo – não todo o mundo, só o “primeiro” mundo (Europa, Estados Unidos, Japão) – fosse, esse sim, o exemplo irretocável de sociedade, o paraíso.

Não que aqui, ao sul da linha do Equador, não tenhamos problemas, e mais graves que os do  hemisfério norte do globo. Mas também temos muitas soluções e maravilhas que os de lá não alcançam, e nos estimam por isso.

Dia desses alguém tuitou: “90% desses ‘só no Brasil’ acontecem em 90% dos outros países também”.
De uns tempos para cá já vinha colecionando exemplos de “só no Brasil” só que não.

Fiz um breve apanhado. Reparem nas aberrações:

  • Escândalo de compra de votos! “Só no Brasil”? Não, na Itália, em Bari:http://migre.me/rEFeh
  • E este absurdo: briga de torcidas rivais, fora do campo, incluindo confronto com as forças de segurança. “Só no Brasil”? Não, na Itália também, em Roma, em dia de Lázio x Roma: http://migre.me/rEFf5
  • E esta onde de assalto, tá um horror: arrastão em ponto turístico! “Só no Brasil”? Não, não foi em Copacabana nem Ipanema, foi na Torre Eiffel, em Paris. “Na  França?!” Oui, na França: http://migre.me/rEFfy
  • Os estádios que viraram elefantes brancos depois da Copa. Ah, isso sim, “só no Brasil”. Tsc, tsc, nos Estados Unidos: http://migre.me/rEFg5
  • Sem-teto dormindo nas ruas. “Só no Brasil”? Não, em Londres:http://migre.me/rEFgw
  • Cidade grande tomada por lixo, periferia abandonada… São Paulo? Rio? Salvador? BH? Qual nada, Nova Iorque: http://migre.me/rEFi1
  • Crime em frente às câmeras de televisão, ao vivo. “Só no Brasil”, fruto da impunidade. Epa, é nos Estados Unidos: http://migre.me/rEFit


Um dia qualquer de chuva e frio desses, zapeando na televisão, caí num programa da Fox, chamado “Undercover Boss”.

É idêntico a um quadro recém-lançado pelo Fantástico, em que um executivo de alto escalão de uma empresa se disfarça e trabalha semanas junto com os operários.

O episódio a que assisti na Fox se passava no Canadá: a diretora-geral da autarquia de transporte urbano de Toronto (a TTC – Toronto Transit Commision) vivenciou experiências dos funcionários dos mais diferentes setores.

A TTC, estatal, opera os serviços de ônibus, metrô e bondes.

As história relatadas pelos funcionários fariam os mais apressados a lascarem o clássico “só no Brasil”.

A condutora do metrô, por exemplo, queixava-se da má educação de passageiros.

Gente que brigava com ela porque o serviço atrasava.

Sim, nos conta a trabalhadora, no Canadá o metrô atrasa, e há canadenses que descontam a raiva na maquinista.
A faxineira da estação estava indignada com a porquice: papel no chão a toda hora, e até urina pelos cantos. Não, não era na Central do Brasil, era em Toronto.

Nas oficinas, um senhor que cuidava de reparar os assentos dos ônibus reclamava do vandalismo – todos os dias, os veículos retornavam à garagem com um bocado de estofados rasgados.

Tão vendo?

Até uns dez, 15 anos atrás, quando a gente não contava com a internet servindo como janela para o mundo, e então a comparação com outros cantos era mais difícil, compreensível ignorar que o resto do planeta tem tantos problemas como este Brasilzão.

Até porque, gerações e gerações foram formadas numa cultura de supervalorização do que é de fora, em detrimento das qualidades que temos aqui.

Vimos – vemos – na tv mais as árvores do Central Park do que qualquer outra atração brasileira.

Agora não. Só pesquisar um pouquinho, aproveitar as fartas fontes de informações disponíveis na rede, que a gente derruba um monte de mitos e deixa de cair nesse discurso dos tempos de colônia.


Por @waasantista | Postado de Curitiba
Publicado também em www.brasilobserver.co.uk/macuco




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